Arquiteta conta como superou insegurança para criar negócio apoiado em tríade mente, corpo e alma 

Nossa Mulher Positiva é Leila Malvezzi Bueno, arquiteta, designer e cenógrafa. Leila nos conta a volta que sua vida profissional deu para que ela conseguisse realizar o sonho com a arquitetura, mesmo se afastando cada vez mais desse sonho, e afirma que é no trajeto e no movimento que se constrói uma história de realização. “Tive uma escolha difícil para fazer, quando recebi o convite do meu marido para trabalhar com ele. Tive muita insegurança na tomada de decisão, não sabia se seria uma boa escolha, não era a área que tinha escolhido pra minha vida, a tão sonhada arquitetura. E ainda poderia estar colocando o nosso relacionamento em risco”, afirma. “Não tenho certeza se foi o momento mais difícil da minha carreira, mas acho importante trazer esse relato, pois é um exemplo real de dificuldade que se transformou em assertividade. É a prova de que é durante o trajeto que escolhemos e construímos nossos caminhos. Se manter em movimento e construir o que se deseja e sonha, não ficar esperando a melhor hora, pois essa hora realmente não existe”, acrescenta.

1. Como começou a sua carreira? A paixão pela arquitetura começou muito cedo, mesmo sem ter a menor ideia do que era arquitetura. Minha brincadeira preferida, na marcenaria do meu pai, era juntar sobras pequenas de madeira e construir prédios, casas e pensar nos espaços e como as pessoas viviam nesses espaços. Lembro de sempre pensar na escala humana, algum objeto sempre representava uma pessoa. Depois descobri e colecionava plantas de apartamentos e de casas das propagandas de jornais e revistas. Recortava e colecionava numa pasta. Ficava horas analisando aqueles desenhos, fascinada. No final do ensino fundamental eu já sabia que faria arquitetura, escolhi Desenho Arquitetônico no ensino médio e na graduação, a arquitetura, claro. Trabalhei em alguns escritórios de arquitetura, tive algumas decepções, não gostava das construções, nem tão pouco a demora para ver uma obra realizada. Enquanto estudava, fui trabalhar em loja para pagar a faculdade, descobri minha segunda paixão, a moda.

Encontrei na moda o potencial das proporções, da estética alinhada a forma e as cores, a criatividade, as composições, enfim, tudo o que eu buscava na arquitetura, ali, na minha frente. Trabalhei com moda por quase 10 anos, mas muito desse tempo foi dedicado também à gestão de negócios, me tornei uma executiva de uma grande marca de vestuário. Me casei, fui trabalhar ao lado do meu marido na sua empresa de comunicação visual, pude juntar a arquitetura, a moda e a minha experiência como executiva como gestora. Mas o melhor dessa trajetória profissional foi transformar a comunicação visual em cenografia. Isso aconteceu de forma gradativa, à medida que as peças se tornaram tridimensionais e foram ocupando cada vez mais espaços e os espaços se tornaram nossa grande tela em branco. Entrou a arquitetura novamente em cena na minha vida e na do Ricardo Bueno, meu marido, que foi para a faculdade de arquitetura aos 45 anos e passamos a entregar arquitetura cenográfica. Hoje projetamos espaços de experiência e imersão para marcas em eventos corporativos, culturais e de entretenimento.

2. Como é formatado o modelo de negócios da Bueno Arquitetura? Nosso modelo de negócio atual existe desde 2016 quando redefinimos nosso negócio para Arquitetura Cenográfica, e é o desdobramento e aperfeiçoamento de um processo que vivenciamos e construímos em 2005 chamado METANÓIA. Nossa ferramenta de gestão entrega e captura “valor” baseada no equilíbrio da tríade CORPO – MENTE – ALMA, em que o corpo representa os resultados financeiros e infraestrutura, a mente o nosso cliente e mercado e a alma, nossos colaboradores. Com esse modelo, implantamos um organograma totalmente horizontal, com uma gestão aberta e focada em metas por projeto. Para isso acontecer na prática, foi desenhado um processo que possibilita o entendimento e acompanhamento contínuo de cada etapa na realização da necessidade de cada cliente. Esse processo hoje na Bueno Arquitetura Cenográfica, é um grande balizador, equalizado para que cada etapa seja mensurada e reportada ao cliente simultaneamente, gerando uma entrega final eficiente e sem surpresas. A única surpresa permitida é para quem vai vivenciar e imergir nos espaços que projetamos. Acima de tudo, nosso modelo de negócio pós pandêmico está mais enxuto, mais leve e ágil.

3. Qual foi o momento mais difícil da sua carreira? Tive uma escolha difícil para fazer, quando recebi o convite do meu marido para trabalhar com ele. Tive muita insegurança na tomada de decisão, não sabia se seria uma boa escolha, não era a área que tinha escolhido pra minha vida, a tão sonhada arquitetura. E ainda poderia estar colocando o nosso relacionamento em risco. Levei muitos meses para achar meu lugar na empresa e ainda assim, por muito tempo fiz algo que não era o que me alegrava, pois fiquei focada somente na gestão administrativa e financeira. Não tenho certeza se foi o momento mais difícil da minha carreira, mas acho importante trazer esse relato, pois é um exemplo real de dificuldade que se transformou em assertividade. É a prova de que é durante o trajeto que escolhemos e construímos nossos caminhos. Se manter em movimento e construir o que se deseja e sonha, não ficar esperando a melhor hora, pois essa hora realmente não existe. Essa escolha e decisão tão difícil, nos trouxe até aqui, uma empresa que realiza tantos sonhos, mas principalmente o nosso sonho com a arquitetura, nos tornamos especialistas e profissionais reconhecidos na arquitetura cenográfica e hoje faço o que amo e sou muito realizada profissionalmente. Nosso casamento vai muito bem, esse ano celebraremos 40 anos juntos.

4. Como você consegue equilibrar sua vida pessoal x vida corporativa/empreendedora? Temos uma grande vantagem por eu e meu marido trabalharmos juntos, além disso somos apaixonados pelo que fazemos, o que nos leva a um equilíbrio muito espontâneo e natural. Nossos momentos de criação acontecem muito nas conversas no café da manhã, que é um momento sagrado na nossa vida. Não temos isso de não falar de trabalho, é muito visceral para nós, flui naturalmente. Não renunciamos do nosso tempo para viagens e esses são momentos só nossos, mas ainda assim, sempre estamos buscando algo para nossos clientes e para nos inspirarmos. Essa questão de equilíbrio está diretamente ligada à realização pessoal e profissional, tudo se torna muito prazeroso. Como não temos filhos humanos, somente os de quatro patas, temos uma dedicação mútua e intensa entre nós. Nosso tempo livre é dedicado a nossas viagens e momentos com as nossas famílias.

5. Qual seu maior sonho? Conhecer o mundo. Sempre fui uma pessoa curiosa e interessada em conhecer outras culturas. Histórias, culinárias e vivências. Isso começou quando eu ouvia a minha mãe fazer a leitura “as sete maravilhas do mundo”, eu não sabia ler, mas as imagens me encantavam. Depois que me casei, encontrei um parceiro de viagens, alguém para me acompanhar nas mais deliciosas aventuras. Foi assim que a minha paixão por viagens intensificou. Cada país que eu conheço é, de alguma forma, uma oportunidade de ver o mundo de uma perspectiva diferente.

6. Qual sua maior conquista? O relacionamento com o meu marido.

7. Livro, filme: “O Físico”, de Noah Gordon, “Sapiens”, de Yuval Harari, e o que estou lendo atualmente e encantada, “Hábitos Atômicos”, de James Clear. Filme não tenho um preferido, gosto de muitos. Mas série tenho: “The Crown”.