Arthur Elias, técnico de time feminino do Corinthians, explica comunicado após contratação de Cuca; confira

O técnico Arthur Elias, do time feminino do Corinthians, falou sobre o manifesto publicado por ele e pelas jogadoras no último domingo, 23. A nota dizia, entre outras coisas, que a campanha “Respeita as Minas” não é “uma frase qualquer”. Imediatamente, muitos torcedores entenderam o texto como um recado para a diretoria, responsável por contratar o treinador Cuca, condenado por estupro de vulnerável. Arthur Elias, entretanto, afirmou que não foi uma crítica endereçada ao comandante da equipe masculina. “Acho que é importante colocar, explicar melhor para o nosso torcedor, para a sociedade, algo que ficou muito mal entendido. O grupo de atletas quis fazer um posicionamento sobre o tema, elas falam de maneira geral, se orgulham do que é vestir essa camisa do Corinthians, não foi nenhum tipo de manifesto, protesto, as meninas não personalizaram em nenhuma pessoa, não é na figura do Cuca, na figura do nosso presidente, só que há uma interpretação e foi muito mal interpretado tanto pela imprensa quanto pelos nossos torcedores, acho que isso tem que ser corrigido”, disse, em entrevista ao SporTV. “Foi apenas um posicionamento de um grupo de mulheres, acima de tudo são mulheres, e se manifestaram de uma forma muito respeitosa dentro do cenário e do tema que foi levantado”, completou.

Segundo Arthur Elias, a carta foi publicada com aval do presidente Duílio Monteiro Alves. O técnico do time feminino ainda disse acreditar na inocência de Cuca, criticado por parte da torcida pela condenação ocorrida em 1989, na Suíça. “Acho que a injustiça vem porque o clube contratou o Cuca, que é um treinador supervitorioso, experiente, um dos melhores que a gente tem no país. O Cuca se diz inocente, o clube investigou isso, teve esse cuidado, o Duilio conversou com as jogadores, conversou comigo também, houve um bate-papo muito importante nesse aspecto. Ficou claro que o clube não tem dúvida de que ele é inocente, o Cuca se diz inocente, algo que aconteceu muito tempo atrás”, comentou. “É muito cruel recair sobre a figura dele esse julgamento agora, sendo que teve um julgamento lá atrás em que ele se disse inocente. O clube acredita nisso”, acrescentou. Por fim, Arthur Elias falou pelas jogadoras do Corinthians e reiterou que seu grupo não quis atingir Cuca. “As jogadoras de maneira nenhuma quiseram atingir o Cuca, elas se posicionaram num tema sensível a elas, mulheres, elas têm muitos gatilhos. Elas foram de certa forma até cobradas a se posicionarem. Foi muito discutido, debatido em dois dias, qual seria a melhor forma justamente para não atingir ninguém, nem nosso treinador do time masculino nem nosso presidente pela decisão. Muito cruel, se ele se diz inocente e o clube acredita nisso, imagine o que ele está passando nesses dias desde que veio para o Corinthians”, arrematou.

Desde que foi anunciado como novo técnico do Corinthians, na quinta-feira passada, Cuca passou a conviver com críticas de parte da torcida. Nas redes sociais, diversos corintianos relembraram a condenação do treinador por estupro de vulnerável – em 1987, durante uma excursão do Grêmio à Suíça, ele e mais três jogadores da equipe ficaram presos no país europeu sob acusação de terem violentado uma garota de 13 anos. Oficialmente, Cuca afirma que foi julgado à revelia e nega as acusações. “As pessoas falam que houve um estupro. Houve um ato sexual a vulnerável. Essa foi a pena. A gente vê e ouve um monte de coisas que são inverdades, que chegam a ofender. Eu vou fazer 60 anos daqui a um mês, tenho duas filhas, uma de 32 e outra de 34. Elas nem existiam [quando aconteceu], já era casado com a Regiane e sou casado até hoje. Venho de uma casa onde sou o único homem da casa. Respeitei e respeito todas as mulheres. Nunca encostei o dedo indevidamente em uma mulher. Nunca!”, declarou, na apresentação do Corinthians. Em 1989, ele e seus companheiros Henrique e Eduardo foram condenados a 15 meses de prisão e ao pagamento de multa de US$ 8.000 cada um. Considerado cúmplice, Fernando pegou três meses de prisão e multa de U$ 4.000. O quarteto, que se ausentou do julgamento, foi defendido por Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, o Cacalo, que na época era dirigente do Grêmio. Nenhum deles cumpriu a pena.