Atos do 8 de Janeiro não foram banais e precisam ser passados a limpo, diz favorito para comando da CPMI

O deputado federal Arthur Maia (União Brasil-BA) concedeu uma entrevista coletiva para Os Pingos nos Is, da Jovem Pan, nesta quinta-feira, 27, e falou sobre a expectativa da abertura da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que irá investigar as invasões à sede dos Três Poderes em 8 de Janeiro, em Brasília. Cotado como um dos favoritos a assumir a presidência da CPMI, o parlamentar ressaltou que já foi indicado como membro titular do colegiado pelo União Brasil e que as conversas quanto a definição da presidência dos trabalhos ainda está sob análise. “Existe essa possibilidade”, disse. Maia também considerou a possibilidade dos deputados e senadores se desdobrarem sobre os atos de vandalismo realizados na capital federal em 8 de Janeiro como um “resgate histórico” já que é preciso que a questão seja “passado a limpo”. “Não é banal que haja uma tentativa de golpe, onde a sede dos Três Poderes são invadidas e que haja uma tentativa de interromper a vida democrática do Brasil. O que se pretendia, além de uma manifestação, era uma tentativa de interrupção da democracia. Se houve uma tentativa de golpe, é bem possível que as pessoas que estavam ali e que aparecem nas imagens quebrando, não sejam as mais importantes. Certamente existem, além daquelas pessoas, outras que foram os autores intelectuais. Devemos ver quem patrocinou aquilo. Não é barato, custou muito dinheiro levar tantas pessoas para uma manifestação daquele tipo”, ponderou o deputado.

Questionado sobre as linhas de atuação da CPMI de 8 de Janeiro, Arthur Maia ressaltou que todas as frentes devem ser investigadas: “Quem depredou, quem foi autor intelectual, quem patrocinou e quem se omitiu”. Segundo o político, é preciso comprometimento já que fato histórico levou a graves consequências no cenário político, já que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi suspenso do cargo em um breve período por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF); o ex-secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, encontra-se preso até o momento; e o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo em decorrência do episódio. “A Abin estava dormindo naquele momento? Não alertou ninguém do que estava acontecendo?”, questionou o político após ressaltar que os trabalhos da CPMI também deverão mirar as autoridades que deveriam ter investigado o 8 de Janeiro, mas não o fizeram. Por fim, Maia considerou que os cargos de presidente e relator – os mais importantes da comissão de inquérito – deveriam ser preenchidos por deputados e senadores independentes, pois estes teriam maior isenção em meio aos trabalhos. “Acho que o mais sensatos é que o cargo de presidente e relator não podem ser preenchidos nem por um deputado ou senador assumidamente oposicionistas. Quem tiver um perfil mais independente, conseguirá conduzir com maior isenção e teremos dar uma contribuição grande à CPI”, finalizou.