Avanade foca em GenAI com laboratório e novos cargos para a tecnologia

Avanade, Na Mata

O lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, iniciou uma corrida mundial pela Inteligência Artificial generativa. Nessa competição, estava a Avanade, que em menos de um ano criou um laboratório de GenAI na Malásia.

Durante o evento Na Mata, realizado pelo IT Forum, Pamela Maynard, CEO da Avanade, explica que, no último ano, a empresa começou a fazer pesquisa para entender o que estava acontecendo e qual seria o approach correto da tecnologia. “Como ajudamos os clientes a implementar AI? Clientes vêm de diferentes perspectivas, e nós temos que estar aptos de ir aonde eles estão e ajudá-los a se preparar.”

 Rodrigo Caserta, CEO para growth Markets da Avanade, complementa ao trazer um estudo da Accenture com 500 empresas da América Latina e da Ásia que demonstra que 17% das empresas são as chamadas “AI active”, que significa que compreenderam o modelo e têm um bom progresso e resultados em GenAI olhando todas as dimensões de processos, tecnologia e investimentos.

Do total, 30% das companhias foram classificadas como “AI innovators” ou “AI buildings”. As inovadoras têm ótimos resultados em engajamento, mas carecem de escala e capacidade de execução. Os construtores estão no outro extremo, ou seja, conseguem construir, mas não necessariamente com a inovação necessária. Os outros 53% estão arranhando a superfície. Estão experimentando, mas carecem de estrutura, método e entendimento. O que mais surpreende é que o percentual de AI actives dobrará até o fim desse ano.

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Essa relação com as empresas, diz Pamela, é uma oportunidade de coinovar com elas. A CEO cita alguns dos resultados da implantação de IA generativa. Dentro de casa, os colaboradores da Avanade estão usando o Copilot, liberando tempo para ser mais produtivos, ter tempo de qualidade com seus colegas de trabalho e resolver problemas.

“Nossa meta é pegar a nossa experiência e ser capaz de ajudar os clientes. Eu estou olhando para a IA para entender como ela pode nos ajudar a crescer”, finaliza Pamela.

Cenário da IA no Brasil

Para aterrissar os dados sobre Inteligência Artificial no cenário brasileiro, Reinaldo Roveri, consultor estratégico do IT Forum, trouxe alguns dos principais insights da pesquisa “Antes da TI, a Estratégia”, feita pelo IT Forum. Ele começou sua apresentação mostrando como os desafios para a estratégia de TI mudou de um ano para o outro.

Enquanto, em 2023, os executivos responderam colocando, em ordem de importância, aumentar a segurança de dados; aumento da inteligência de negócios; e automação, em 2024, o desenvolvimento de soluções utilizando ferramentas de IA aparece em terceiro lugar.

Os respondentes também colocaram, em 2023, que a Inteligência Artificial era o tema que mais precisavam de maior maturidade, com 77% das respostas. Em 2024, a tecnologia continua em primeiro lugar, mas com 59%.

Por fim, 69% das empresas disseram que já adotam ou têm um projeto em fase experimental de IA tradicional e 46% afirmaram o mesmo sobre a IA generativa.

Tania Consentino, presidente da Microsoft Brasil, concorda com os dados ao afirmar que essa é uma jornada de aprendizado para levar ao público a educação o que é a tecnologia que, hoje, é acessível a todos. A Inteligência Artificial, frisa ela, saiu da sala de TI e permeia todas as atividades, segmentos e tamanhos de empresas.

“A IA permite que as empresas foquem em seu core business. As companhias deixam a parte da estrutura de data center, com toda a base fundamental da cibersegurança e tecnologias, para o pessoal que tem como core business desenvolver tecnologias”, destaca a presidente da Microsoft.

Entretanto, para a executiva, a IA precisa ter um porquê estratégico, não pode ser usada apenas pelo hype, porque custa tempo e dinheiro. Ainda assim, não dá para esperar, ainda que seja aplicada com planejamento e alinhamento estratégico.

Novas profissões nascem na Avanade

Também esteve presente no evento, Florin Rotar, Chief AI Officer da Avanade. O cargo, adiantou Pamela, foi criado para que uma equipe pudesse pensar e ser liderada com foco total em Inteligência Artificial.

O executivo contou ao público que a Avanade está estudando e em contato com a OpenAI há aproximadamente três anos e, atualmente, tem nove mil programas de GenAI pelo mundo. O entusiasta da tecnologia cita dois exemplos de como a GenAI pode ser benéfica: um deles sobre uma empresa que conseguiu, em seis semanas, desenvolver seis medicamentos viáveis para tratar cânceres; e uma fabricante de carros de luxo que diminuiu o tempo de lançamento de um carro de seis anos para um ano e meio.

Rotar também dividiu com o público as suas maiores lições após liderar um time focado em GenAI. “Quando falamos em ser bem-sucedido em IA, precisamos incluir as pessoas. Todos estão obcecados com casos de uso, mas todos estão fazendo as mesmas coisas. A diferença é como fazer as pessoas confortáveis com o uso da tecnologia. Quando pessoas sentem que você realmente está investindo neles para a jornada e que a sua meta é para empoderar cada colaborador para se tornar a sua melhor versão, eles vão confiar na empresa e você poderá adotar a tecnologia e ver seu valor.”

O especialista também frisa que já existem inúmeros modelos de linguagem de IA generativa no mundo. E, para ele, o mundo não terá um modelo soberano. Por isso, as companhias precisarão escolher quando consumir um tipo de modelo pronto, um modelo customizado ou quando preferirão criar sua própria IA e treinar seu modelo de linguagem.

Além de sua apresentação, Rotar participou do painel “Desbloqueando o potencial da IA para todos”, mediada por Déborah Oliveira, diretora de conteúdo do IT Forum, que provocou os convidados a contar como a escolha de projetos de IA generativa pode ser feita.

O Chief AI Officer citou que há as implementações “sem arrependimento”, como os modelos de linguagem já prontos, em que o valor é percebido rapidamente. Do outro lado da moeda, os executivos de tecnologia podem pensar o que faz o CEO não dormir a noite e buscar alternativas, seja qual for o objetivo, como redução de custo ou aumento de produtividade.

“Antes, ninguém sabia o que era IA generativa. Por isso, precisamos primeiro dizer o que era a GenAI e fizemos algumas sessões contando o que é a tecnologia, potenciais e limitações. Com base nisso, começamos a pensar em projetos e 30 deles foram escolhidos. Desses 30, investimento em cinco em diferentes áreas, como auditoria, demandas judiciais e consórcios. A gente queria explorar a tecnologia”, explica Maisa Duarte, head de P&D no Bradesco.

Por fim, Igor Freitas, VP de Tecnologia da Cogna, conta que o grupo começou a estudar GenAI no ano passado. Para isso, a empresa tem um time de governança que garante que as iniciativas tenham um direcionamento, assim como um time de segurança para avaliar as empresas parceiras e garantir que o conteúdo será colocado de forma correta.

Um dos exemplos do executivo é uma aplicação chamada Pixel, para ajudar no processo de matrículas de alunos. Como um dos documentos pedidos é o certificado de conclusão de cursos e, cada instituição apresenta um tipo de documento diferente, era difícil entender cada um deles. “Capturar essa informação era importante para capacitar o processo de matrícula e realizá-la de forma simples e transparente. Antes, o processo de matrícula demorava 40 minutos e, agora, é quatro minutos.”

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