Bain & Company apresenta casos práticos de uso do ChatGPT nos negócios

A consultoria Bain & Company tem observado grande interesse do mercado brasileiro em soluções corporativas para o famoso ChatGPT e aponta que as empresas mais disruptivas, que querem desbravar seus negócios, estão agora acelerando estratégias em torno da tecnologia.

Segundo Lucas Brossi, head de Advanced Analytics da Bain & Company na América do Sul, a companhia realizou conversas com centenas de empresas no Brasil interessadas na tecnologia. Ele afirmou que a Bain integrou sua solução ao ChatGPT, permitindo a rápida criação de soluções customizadas e que, até o momento, são 20 projetos em todo o mundo com a solução, sendo dois deles na América do Sul.

“É uma tecnologia nova, em estágio inicial de uso. Empresas que têm mais motivação para inovar e apetite ao risco, entendem que é uma solução que ao ser desbravada vai gerar aprendizados, mas que sairá à frente. Quem criar soluções agora vai criar um efeito ‘uau’ e até um certo hype. Certamente a preocupação em encantar o consumidor é o chamariz”, pontua ele.

Brossi destacou que vivemos uma nova era de chatbots e sistemas generativos conversacionais, que possibilitará uma conversa muito mais fluída e natural com pessoas que buscam serviços. “A experiência de chatbots muda muito com a tecnologia atual, vira muito mais conversacional. Não preciso me preocupar em escrever português perfeito para interpretar, por exemplo. Antes, as empresas gastavam um ano só para fazer entender português. A lógica atual dos chatbots é praticamente a reprodução de uma URA telefônica e tem que seguir a ordem dele. Agora não, eu posso seguir qualquer lógica”, sintetizou.

O tempo de implementação também caiu significativamente atualmente, sendo possível rodar um Mínimo Produto Viável (MVP) de quatro a seis meses do início do projeto. Além disso, o custo também foi reduzido em cerca de 60%, um benefício gerado pelo ChatGPT, o que viabiliza que mais empresas digitalizem suas relações com os clientes levando em consideração, claro, o canal que o consumidor deseja se comunicar com a empresa.

O executivo destacou em conversa com jornalistas nesta quarta-feira (10/5) diversos casos práticos de uso da tecnologia e revelou que áreas administrativas, tarefas massivas em textos, setores jurídicos e administrativo, além de RH e TI, são os mais suscetíveis a se beneficiarem da solução.

Felipe Fiamozzini, expert Partner em Advanced Analytics da Bain & Company, apresentou três casos de uso da tecnologia da Bain integrada ao ChatGPT, mostrando, na prática, os benefícios que a solução gera para diferentes tipos de negócios. Acompanhe.

Saúde

A solução criada pela Bain permite falar ou escrever para solicitar agendamento de exames em uma ordem não cronológica das coisas, diferentemente do modelo atual de chatbot, que responde com um menu de números para ser escolhido pelo cliente, praticamente reproduzindo uma URA telefônica.

Em sua demonstração, Fiamozzini solicitou ao sistema, via comando de voz, o agendamento de um exame de imagem em um local próximo e detalhou que o período da manhã era o de sua preferência. Rapidamente, o sistema trouxe opções. Ainda foi possível atualizar o cadastro e verificar o preparo do exame, em uma conversa muito parecida à humana.

Bancos e seguradoras

A Bain já tem um banco, de nome não revelado, rodando a solução para consulta de saldo e recomendação de produto de cartão de crédito.

Para seguradoras, o sistema apresentado pela empresa foi o de transcrição e análise de conversas entre o atendimento ao cliente para casos de sinistro, facilitando e agilizando processos internos. “Hoje, as seguradoras guardam as informações e não as usam. É claro que tecnologias de transcrição já existem, mas não adianta transcrever, é preciso extrair e analisar as informações, preenchendo, por exemplo, automaticamente um formulário a partir da escuta”, explica Brossi.

Jurídico

Fiamozzini apontou que a própria Bain está usando a solução para auxiliar na análise de contratos jurídicos. A empresa alimentou a tecnologia com dados históricos e processos e as análises geram cláusulas importantes que devem ser incluídas, cabendo ao advogado acatá-las ou não.