Banco Central revisa projeção de crescimento do PIB para 2% e sinaliza possível corte de 0,25% na taxa de juros

A projeção do Banco Central de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 1,2% para 2%. A análise foi divulgada no Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira, 29. Segundo o órgão, a revisão se deuem razão da surpresa positiva no primeiro trimestre. “No cenário doméstico, a atividade econômica apresentou forte crescimento no primeiro trimestre (1,9%), superando amplamente as expectativas. O resultado repercutiu sobretudo o desempenho do setor agropecuário. Por sua vez, a evolução da demanda doméstica e dos componentes da oferta mais sensíveis ao ciclo econômico reforça a avaliação de arrefecimento da atividade econômica”, escreveram os analistas. Apesar da elevação, o relatório pontua que a projeção continua refletindo cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica. Ainda assim, as previsões para a inflação caíram para 5,0% em 2023 e para 3,4% em 2024. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços administrados são de 9,0% em 2023 e 4,6% em 2024. “O comportamento benigno recente nos preços atacado, tanto na parte de alimentos quanto na parte de industriais, sugere continuidade do movimento de arrefecimento da inflação nos próximos meses, considerando as variações na margem. Para o segundo semestre de 2023, entretanto, espera-se uma maior inflação acumulada em doze meses, como consequência da exclusão, nesse indicador, do efeito das medidas tributárias que reduziram o nível de preços no terceiro trimestre de 2022 e da manutenção dos efeitos das medidas tributárias deste ano. As expectativas de variação do IPCA para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus recuaram e encontram se em torno de 5,1% e 4,0%, respectivamente”, complementaram.

Além disso, o relatório deu um indicativo de que a taxa básica de juros possa ser baixada para 13,5% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Durante a explicação sobre projeções condicionantes, os analistas esclareceram que os cenários para a inflação considerados são construídos utilizando vários condicionantes. Entre eles está que a mediana das expectativas extraídas da pesquisa Focus de 16.6.2023 foi de estabilidade em 13,75% a.a. na reunião de junho e início de queda na reunião de agosto de 2023, quando passaria para 13,50%. A indicação está alinhada com a expectativa do mercado que aguarda baixas na Selic. Na ata da última reunião, o comitê afirmou que a continuidade de melhores projeções inflacionárias “pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, que será realizada em agosto. No encontro de junho, o comitê decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva. Este é o período mais longo no qual ela esteve estacionada desde junho de 2019, quando a Selic foi mantida em 6,50% por 10 reuniões, ou quase um ano. Especialistas do mercado já esperavam que a taxa fosse mantida. Contudo, o comunicado trouxe uma mudança importante no tom adotado pelos membros, que foi mais moderado na avaliação dos analistas. No texto da ata, que detalha mais profundamente a visão do comitê, o grupo indicou a possibilidade de uma baixa dos juros em breve.  Isso depende de como a inflação irá se comportar até agosto, quando será realizada a próxima reunião.