Banco do futuro: como a IA generativa mudará o sistema financeiro

IA generativa e banco

IA generativa é a palavra-chave empresas de todos os setores – especialmente após a popularização do ChatGPT. Dentro desse universo, a indústria financeira é uma das verticais que utiliza a Inteligência Artificial há décadas para entender melhor o consumidor, prevenir fraudes e proporcionar uma melhor experiência ao cliente.

Gustavo Concon, CTO e diretor de engenharia da CI&T, comenta que um dos principais benefícios da IA é a hiperpersonalização. Em outras palavras, as corporações têm a oportunidade de analisar milhões de resultados e as variações para entender com as interações são mais bem aplicadas a qualquer cliente.

Um cliente jovem e saudável, por exemplo, pode ter uma interface diferente de um chefe de família. “A capacidade de geração de interfaces não fixas é uma das opções para trabalhar com IA generativa. Também podemos antecipar preocupações e dúvidas. Se eu tiver algum comportamento e a tecnologia perceber que estou procurando um financiamento imobiliário, a IA tem o poder de analisar todos os dados para sugerir a próxima ação”, diz Gustavo.

As fraudes são uma das maiores preocupações do setor financeiro – e o CTO acredita que a IA generativa pode aumentar a segurança. “Enquanto hoje as métricas são parametrizadas, a IA generativa traz menos parametrização e mais dimensões que o ser humano nunca pensou antes para a tomada de decisões. A IA generativa é capaz de buscar novas perspectivas e oferecer novas dimensões de análise de riscos”, comenta.

Leia mais: Inteligência Artificial generativa já supera expectativa de CTOs

A análise de crédito também poderá mudar. Como é feita baseada em um conjunto de dados estáticos e o poder de análise com a IA generativa é maior, a tecnologia traz uma perspectiva de criatividade que consegue sugerir avaliações com uma acurácia de crédito com menor risco.

Os lados negativos, entretanto, também existem. Como os vieses de algoritmos. Segundo o executivo, não é apenas sobre ter um cadastro e um direcionamento consciente sobre esses vieses, mas também sobre a qualidade dos dados para gerar a próxima informação.

“Se você tem uma IA para fazer contratação e começa a analisar e rejeitar currículos por perfil profissional e isso está ligado a uma classe social ou uma etnia, a tecnologia pode deixar de recomendar novos currículos baseado nesses parâmetros. Ou seja, não pela intenção, mas pela estatística de dados. Demanda muita maturidade para usar a IA em escala para eliminar os vieses. Eles são impossíveis de serem removidos, mas podem ser reduzidos”, alerta Gustavo.

Por isso, de acordo com o executivo, é preciso ter cuidado com a IA generativa. “Seria incrível se pudéssemos discutir mais antes de dimensionar a tecnologia. Mas acredito que seja desenfreado. É uma utopia dizer ‘vamos parar e organizar a casa’”. O maior desafio, segundo ele, é como vamos acelerar o debate e a regulamentação governamental. No entanto, de maneira inteligente, não baseada no desespero – trazendo a iniciativa privada e com energia para acompanhar a evolução.

Visão global da IA generativa

Jason Cao, CEO de Finanças Digitais Globais da Huawei, também dá a sua opinião sobre como a IA generativa mudará os bancos:

Comportamento do usuário: hoje, a maior parte dos clientes usam aplicativos e não têm a personalização deles. A primeira interface de engajamento do cliente talvez seja a primeira coisa a ser resolvida com a tecnologia.

Modelo de produção: a Huawei já vê muitas empresas que usam muito menos desenvolvedores e os profissionais podem fazer todo o trabalho de desenvolvimento como antes. Isso será muito mais rápido, muito mais eficiente.

Modelo de serviço: terá grande impacto para o setor bancário. As áreas de vendas, marketing, desenvolvimento, envolvimento do cliente, terão grandes mudanças.

“E, se as mudanças forem tão grandes, o que eu devo fazer? Temos muito bancos novos que têm toda a tecnologia moderna por trás, deixando o processo mais fácil. Já os grandes bancos têm uma longa história e muito sistema legado que torna mais difícil se moverem tão rapidamente”, alerta o executivo.

Portanto, é preciso estar preparado. “Por isso, não devemos esperar, devemos pensar nisso e tentar estar pronto. A infraestrutura deve estar apta para trabalhar com os recursos de dados em torno de sua capacidade de execução”, finaliza.

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