Bernardo Arévalo toma posse como presidente da Guatemala após tensão e nove horas de atraso

Bernardo Arévalo, centro-esquerdista, tomou posse como presidente da Guatemala na madrugada desta segunda-feira, 15, cinco meses após ser eleito. Sua vitória nas eleições de agosto do ano gerou incertezas políticas no país e colocou em dúvida a cerimônia de posse que estava marcada para o domingo, 14. Apesar do atraso de nove horas, devido a disputas políticas no Congresso guatemalteco, a cerimônia de posse aconteceu. Contudo, a demora gerou tensão entre os participantes do evento, que incluíam os presidentes Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia), o rei da Espanha, Felipe 6º, e o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell. O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelo diplomata Benoni Belli, escolhido pelo governo Lula (PT) para representar o país na OEA (Organização dos Estados Americanos). “Os deputados têm a responsabilidade de respeitar a vontade popular expressa nas urnas. Estão tentando violar a democracia com ilegalidades, trivialidades e abusos de poder”, escreveu Arévalo nas redes sociais.

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Em seu discurso de posse, o líder prometeu não promover agendas políticas por meio da violência e combater a corrupção nas instituições. A Guatemala ocupa a 30ª posição no ranking de corrupção da Transparência Internacional e tem uma alta taxa de pobreza, com 60% de seus 17,8 milhões de habitantes vivendo nessa condição. A situação de pobreza e corrupção tem levado um número crescente de guatemaltecos a deixarem o país, sendo os Estados Unidos o destino de muitos deles. Desde 2020, os guatemaltecos são a segunda nacionalidade que mais tenta cruzar a fronteira sul dos EUA, correspondendo a 12% dos migrantes encontrados pela Patrulha da Fronteira americana. Somente no último ano fiscal, mais de 213 mil cidadãos da Guatemala tentaram migrar.

Apesar de sua vitória nas eleições, Arévalo enfrentará desafios à frente da presidência. Seu partido conquistou apenas 23 das 160 cadeiras do Legislativo unicameral, o que permite que o partido conservador Vamos, de Giammattei, e o UNE, de Sandra Torres, possam atrapalhar os planos do governo. Arévalo permanecerá no cargo até 2028, quando um novo pleito será realizado. Arévalo de León, um acadêmico de 65 anos que simboliza a luta contra a corrupção, foi empossado como chefe de Estado no final de um dia em que a transferência de poder esteve em risco pelo fato de o Congresso em fim de legislatura ter atrasado excessivamente alguns procedimentos legais rotineiros. Esse atraso tinha como intenção um “golpe de Estado”, como apontaram alguns deputados da oposição, e como o próprio Arévalo de León tinha alertado no dia 1º de setembro, quando acusou a procuradora-chefe do Ministério Público, Consuelo Porras, de querer evitar sua posse.