Bombardeio atinge maior hospital do norte de Gaza e deixa ao menos 13 mortos e dezenas de feridos

Um ataque ao hospital Al Shifa, o maior do norte da Faixa de Gaza, deixou ao menos 13 mortos e dezenas de feridos. O Hamas, atribuiu o bombardeio desta sexta-feira, 10 a Israel, que não se manifestou sobre a denúncia até o momento, contudo, na quinta-feira, 9, havia anunciado combates intensos nas imediações do hospital e que tinha matado dezenas de combatentes a destruído túneis do Hamas. Esse episódio acontece em meio a combates intensos entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas no norte do território palestino, de onde os civis continuam fugindo em direção ao sul. Israel prometeu “aniquilar o Hamas” em represália pelo ataque de 7 de outubro, dia em que combatentes islamistas mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestraram quase 240. Contudo, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, reiterou que o país não pretende governar, nem ocupar a Faixa de Gaza, mais de um mês depois do início da guerra entre Israel e Hamas, que deixou o território em uma situação humanitária dramática, segundo a ONU e várias ONGs. O premiê rejeita um cessar-fogo com Hamas, por considerar que seria o equivalente a uma “rendição”.

Na Faixa de Gaza, os bombardeios israelenses mataram mais de 11.078 mortos, sendo 4.506 crianças e 3.027 mulheres. Os atentados também deixaram 27.490 feridos. Paralelamente aos bombardeios constantes, as tropas terrestres israelenses intensificam o cerco à Cidade de Gaza, norte do território, que, segundo o Exército, abriga o “bairro militar” do Hamas. O Ministério da Saúde do Hamas afirmou que vários hospitais do norte do território foram bombardeados, incluindo Al Shifa. “Treze mártires e dezenas de feridos hoje em um bombardeio israelense contra o complexo de Al Shifa”, na Cidade de Gaza, afirma um comunicado do governo do movimento islamista palestino. O diretor do centro médico, Mohammad Abu Salmiya, havia anunciado alguns minutos antes o balanço de dois mortos e 10 feridos, a maioria crianças.

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O Exército israelense acusa o Hamas de utilizar hospitais, em particular o de Al Shifa, para coordenar ataques e também como esconderijos para seus comandantes. As autoridades do Hamas e médicos negam as acusações. O governo dos Estados Unidos anunciou que Israel aceitou fazer “pausas diárias de quatro horas” para permitir que os civis bloqueados pelos combates no norte da Faixa consigam fugir para o sul. O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou nesta sexta-feira que recebeu com satisfação a notícia das pausas acordadas por Israel, mas destacou que “muito mais precisa ser feito para proteger os civis e levar assistência humanitária para eles”.  No domingo, o Exército israelense abriu “um corredor de saída”, mas os palestinos denunciaram combates persistentes ao longo da rota, utilizada por 100.000 pessoas desde quarta-feira, segundo dados do Exército israelense e do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

O diretor da agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos pediu o fim do “massacre” em Gaza. “Arrasar bairros inteiros não é uma resposta aos crimes atrozes do Hamas. Pelo contrário, cria uma nova geração de palestinos que podem perpetuar o ciclo de violência. Simplesmente, o massacre deve terminar”, disse Philippe Lazzarini. O Conselho de Segurança da ONU voltará a abordar o conflito nesta sexta-feira. Em Paris, uma conferência internacional obteve novos compromissos de ajuda de mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,93 bilhões na cotação atual) para os civis palestinos. A tensão também aumenta na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde são registradas trocas de tiros entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. O Hezbollah afirmou nesta sexta-feira que sete combatentes morreram em ações das forças israelenses, sem revelar onde e quando eles faleceram. Com estes óbitos, sobe para 68 o número de membros do Hezbollah mortos em confrontos com Israel desde 7 de outubro.

*Com informações da AFP