Boulos diz que CPI do MST ‘não tem objeto’ e é ‘totalmente descabida’

Nesta sexta-feira, 5, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, promoveu um debate entre o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o deputado estadual por São Paulo Tomé Abduch (Republicanos) para colocar em pauta os principais temas da política brasileira. Aos parlamentares foi concedido um tempo de 1 minuto para considerações individuais a respeito dos assuntos tratados, seguido de 8 minutos de tempo dividido de debate entre ambos. Entre as discussões que foram colocadas em pauta está a CPI do MST, instalada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) na semana passada e que visa averiguar o aumento do número de invasões de terras pelo Brasil. Na visão de Boulos, não existiriam motivos concretos para a instalação da CPI: “Essa CPI é um casuísmo, que inclusive vai ser questionada no Supremo Tribunal Federal porque não tem objeto. Pela legislação, uma CPI precisa ter um fato definido para poder ser instaurada. Uma CPI do MST é uma coisa totalmente descabida”.

“[A CPI] Foi articulada pela Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional com o objetivo claro de criminalização do movimento social. Eu fico me perguntando por que não propuseram uma CPI dos empresários do agro que apoiaram e financiaram a tentativa de golpe do 8 de Janeiro. Porque não se propõe uma CPI sobre as dívidas acumuladas de várias empresas do agro com o Banco do Brasil que não pagam e depois conseguem aprovar Refis na Câmara dos Deputados, se locupletando de dinheiro público? Acho que essas CPIs seriam mais benéficas para o país do que criminalizar o movimento”, argumentou.

Em resposta, o deputado Tomé Abduche defendeu a instalação da CPI do MST e a necessidade de se investigar as ações por trás das invasões de terras: “A CPI do MST é sim necessária. Nós precisamos proteger o nosso agronegócio, que é o que move o Brasil, essas pessoas que acordam cedo, trabalham e estão aterrorizadas com esse movimento que invade propriedades privadas produtivas. Não é que invade propriedades não produtivas, e mesmo assim, se produtivas, não seriam eles que tomariam a decisão de desapropriar alguma coisa. Vamos aguardar e torcer para a CPI dar certo sim e a gente poder investigar essas pessoas”. O parlamentar do republicanos ponderou que as invasões podem causar conflitos violentos: “Você é levado ao erro, em uma madrugada, muitas vezes com um pedaço de pau e uma pedra na mão, com a sua família atrás de você, é orientado a invadir uma propriedade privada. Fico me colocando no medo que você deve sentir naquele momento. Ao mesmo tempo, eu me coloco na situação do proprietário da propriedade privada, que tem sua propriedade invadida, a qual ele lutou durante anos para tê-la. E o que ode acontecer em um momento de nervoso, acontecer uma tragédia”.

Para Abduch, as invasões não são um bom caminho para se reivindicar a reforma agrária, e sim a distribuição de títulos de terras: “Agora vamos falar um pouquinho de reforma agrária. Vocês sabiam que no último governo foram entregues aproximadamente 400 mil títulos de propriedade? A grande maioria para mulheres. Já no governo do PT, falando de Lula e Dilma, praticamente 12 anos, foram entregues somente 200 mil. Se vocês seguirem o que foi feito no governo passado, em praticamente um ano vocês acabam com o problema da reforma agrária, sem invadir nada e indo no Incra de maneira correta”. Confira o debate na íntegra no vídeo abaixo.