Brasil ainda tem 1.207 municípios sem fibra óptica, aponta Anatel

Brasil conectado

O Plano Estrutural de Redes de Telecomunicações (PERT) 2025, publicado hoje, 2, pela Anatel, mostra que 1.207 municípios brasileiros ainda não são atendidos por backhaul de fibra óptica — rede de transporte fundamental para o funcionamento da banda larga de alta velocidade. A ausência dessa infraestrutura afeta, sobretudo, localidades nas regiões Norte e Nordeste, além de parte do norte de Minas Gerais.

A análise da agência evidencia as desigualdades regionais no acesso à internet no Brasil, tanto em termos de infraestrutura quanto na qualidade da conexão. Em 2024, 78,3% dos municípios contavam com backhaul de fibra, mas o restante — cerca de 21,7% — permanece com soluções de menor capacidade ou sem rede adequada. Os municípios sem fibra concentram população menor e densidade mais baixa, dificultando o retorno econômico para investimentos privados, o que justifica a priorização por políticas públicas.

Sudeste e Sul lideram velocidade média

Mesmo com uma média nacional de velocidade contratada de 447 Mbps na banda larga fixa em 2024, a realidade nos municípios é desigual. Segundo o diagnóstico da Anatel, 1.150 municípios apresentam velocidade média abaixo de 100 Mbps, enquanto 4.420 já superam esse patamar. A existência de fibra óptica no backhaul contribui significativamente para melhores resultados: entre os municípios com fibra, apenas 14,6% registram média abaixo de 100 Mbps. Nos que não têm essa infraestrutura, o percentual sobe para 42,5%.

Estados do Sul e Sudeste concentram os melhores desempenhos. Santa Catarina apresenta a maior densidade de acessos de banda larga fixa, com 35,7 acessos por 100 habitantes, enquanto Alagoas tem a menor, com 10 acessos por 100 habitantes.

Segundo o PERT, os municípios com backhaul de fibra também concentram 98,2% dos acessos de banda larga fixa (SCM), reforçando a importância da infraestrutura para o desempenho do setor.

Brasil sobe em ranking global de velocidade

O relatório também traz dados do Speedtest Global Index, que mede a velocidade efetiva da internet com base em testes reais. Em maio de 2025, o Brasil alcançou 194,48 Mbps de velocidade média efetiva na banda larga fixa, superando a média global de 102,5 Mbps. No acesso móvel, o desempenho foi ainda mais expressivo: 222,02 Mbps, contra média global de 92,8 Mbps, colocando o Brasil na 6ª posição no ranking mundial de velocidade móvel, à frente de países como China, Coreia do Sul e Dinamarca.

A evolução foi significativa em apenas um ano: a velocidade média móvel no Brasil cresceu 272,95% entre abril de 2024 e maio de 2025. O avanço é atribuído principalmente à ampliação da cobertura 4G e à expansão inicial da tecnologia 5G, que já alcança 812 municípios.

Regiões com maiores e menores velocidades médias de navegação (dados de 2024)

Maiores velocidades médias (média contratada acima de 100 Mbps):
Municípios com backhaul de fibra no Sul, Sudeste e Centro-Oeste concentram grande parte dos acessos de alta velocidade.

Menores velocidades médias (abaixo de 100 Mbps):
Municípios do Norte e Nordeste, especialmente os sem infraestrutura de transporte em fibra, continuam com média inferior à nacional.

Propostas da Anatel para reduzir desigualdades

O PERT propõe sete projetos estruturantes, incluindo a implantação de backhaul de fibra nos 1.207 municípios sem atendimento, uso de tecnologias alternativas como satélite e rádio IP, e expansão da rede móvel em áreas rurais e rodovias. A meta está alinhada ao Plano Plurianual 2024–2027 do governo federal, que prevê aumentar o número de domicílios com internet banda larga de 65,4 milhões (em 2021) para 91,7 milhões até 2027.

Aqui, o PERT completo.

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