Bruna Zamith revela como é ser cientista de dados na Amazon

Bruna Zamith, cientista de dados da Amazon

No universo acelerado da tecnologia, a profissão de cientista de dados tem se destacado como uma das mais promissoras e inovadoras do século 21. Um estudo realizado pela Cortex, especializada em inteligência de vendas B2B, mostrou que dentre os sete conhecimentos tecnológicos que estão em alta hoje, o segundo é ciência de dados.

E nesse cenário de constantes descobertas, a brasileira Bruna Zamith, natural de Taubaté, interior de São Paulo, vem se destacando como um dos talentos brilhantes da área. Aos 25 anos, formada em Engenharia da Computação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Bruna é cientista de dados na gigante do e-commerce, a Amazon Brasil, enquanto cursa seu mestrado.

Em entrevista ao IT Forum, Bruna conta que o caminho para a carreira de cientista de dados não foi intuitivo para ela. Em seus tempos de ensino médio, Bruna tinha interesse em diversas áreas, como literatura, química, biologia e ciências exatas, o que dificultou a escolha por TI. No entanto, foi durante uma feira de carreiras que ela descobriu o poder da tecnologia e como a computação podia ser aplicada em praticamente todos os campos. Essa revelação a levou a escolher a Engenharia da Computação como sua trajetória profissional, pois admirava a capacidade dos engenheiros de resolver problemas utilizando a computação.

Ao ingressar na faculdade, Bruna entrou com a mentalidade de experimentar diferentes áreas para poder escolher sua especialização. Participou de vários grupos de extensão, o que a permitiu descobrir sua paixão pela Inteligência Artificial (IA). “Há alguns anos, IA era mais abstrata. Eu sabia o que era, mas não entendia ainda como se desenvolvia. Foi em um dos projetos que participei que me deparei com a tecnologia e me brilhou os olhos”, lembra.

Esse interesse se aprofundou quando ela teve a oportunidade de trabalhar em projetos de pesquisa no BioMaL – Bioinformatics and Machine Learning Group, da UFSCar, que lhe proporcionou fazer um intercâmbio na Bélgica, trabalhando por quatro meses com IA no departamento de medicina da Universidade KU Leuven. “Consegui uma bolsa da FAPESP e mergulhei em IA. Essa foi minha prática com ciência de dados e depois muito natural que meu primeiro estágio fosse, então, em Business Intelligence (BI), já que BI é uma das áreas de ciência de dados”, revela.

Antes de ingressar na Amazon, Bruna teve uma experiência de estágio na Serasa Experian em BI. Foi nesse momento que ela se questionou se trabalhar com BI era sua verdadeira paixão ou apenas sua zona de conforto. Esse questionamento a impulsionou a mudar de área e aceitar o desafio de trabalhar com Engenharia de Software na Amazon. Depois de atuar um período na área, Bruna quis enveredar pelo caminho da ciência de dados.

Da teoria à prática

A formação em Engenharia da Computação trouxe uma base teórica sólida para Bruna, reconhece, mas foi sua participação em grupos de extensão e projetos acadêmicos que proporcionaram o desenvolvimento de habilidades práticas e o contato com a área de pesquisa, o que tem grande importância para sua trajetória como cientista de dados. Além disso, a rotina nas empresas em que trabalhou também possibilitou agregar experiências relevantes para sua carreira como cientista de dados.

Na carreira de cientista de dados, Bruna destaca a importância das habilidades interpessoais, como saber traduzir conhecimentos técnicos para a área de negócios e vice-versa. “Além disso, é importante gostar de estatísticas e da resolução de problemas diversos, características essenciais para um cientista de dados de sucesso.”

Dia a dia de cientista de dados na Amazon

No ambiente de trabalho da Amazon, a inovação e a pesquisa são incentivadas constantemente, revela Bruna. Isso tudo alinhado aos princípios de liderança da empresa, que valoriza a curiosidade e a busca por aprendizado contínuo. A rotina de Bruna como cientista de dados é variada, e cada projeto apresenta seus desafios, principalmente quando envolvem diferentes domínios de negócios.

“Aqui na Amazon o time de dados está muito conectado à área de negócios precisamos entender o que os dados significam e isso não vem de graça. Precisamos saber traduzir o que o time entende. É aí que entram as soft skills: conseguir traduzir conhecimento técnicos em negócios. O cientista de dados também tem de saber se aprofundar em temas, porque eles vêm ambíguos e esse é um papel o cientista de dados”, revela ela.

A rotina do time de cientista de dados da Amazon é bastante intensa e sem essa conexão com as áreas de negócio, é desafiador fazer com que os projetos saiam do papel. “O processo de ciência exige interação. Interagimos em cada etapa. Vamos descobrir os dados que precisamos, depois entendemos os filtros, plotamos os dados, colocamos gráficos e entendemos se faz sentido. Isso acontece em todas as partes do processo. E depois entra em IA e aprendizado de máquina. Qual é a entrada esperada? Essa saída é o que o time de negócios está querendo?. Esses são questionamentos frequentes”, detalha Bruna.

Um exemplo recente dessa interação citado por ela foi com o time de catálogo. “O projeto não começou e fizemos tudo e acabou. Inclusive, fomos descobrindo microsoluções no caminho que podiam beneficiar outros projetos. Faz parte do que ciência: você tem hipóteses e vai comprando, e se questionando.”

Segundo ela, é o time aprende em todas as etapas desse processo. “Temos tempo para estudar, pesquisa na literatura, pesquisar com outros times… Sempre aprendendo no processo. Se o experimento não deu certo, paramos para refletir sobre o que podemos aprender com isso para não cometermos o mesmo erro. E, claro, compartilhamos com a comunidade de alguma forma”, pontua.

Próxima fronteira da ciência de dados

Em relação ao futuro da ciência de dados e da IA, Bruna ressalta a importância do universo de big data e o uso da IA generativa, que permite a criação de novos conteúdos. Ela também destaca a crescente preocupação com a criação de IA justa e transparente, livre de vieses, e a necessidade de tornar os modelos explicáveis, para que não se tornem caixas-pretas.

Para aqueles que desejam iniciar na área de ciência de dados, Bruna aconselha a desenvolver a curiosidade e a capacidade de questionar, além de colocar a mão na massa e buscar projetos práticos para aprender. Ela lembra que a jornada pode ser assustadora no início, mas que a descoberta do que se ama e o aprendizado constante valem a pena.

Com sua paixão pela ciência de dados e sua dedicação em constante aprendizado, Bruna quer seguir sua trilha de desenvolvimento no mercado, gerando inovações e soluções para os desafios do mundo moderno. Sua trajetória é uma prova de que o poder da curiosidade e da vontade de aprender impulsionam carreiras. E esse é só o começo para ela, que segue agora em busca da finalização do seu mestrado na área e de novas resoluções de problemas.