Cadeia do leite pede socorro ao governo 

A cadeia do leite está pedindo socorro ao governo federal para enfrentar os desafios gerados pelas importações de lácteos do Mercosul. Nesta semana, cerca de 7 mil pessoas se reuniram para o manifesto “Minas Grita pelo Leite”. O público foi formado por produtores rurais e políticos do Estado. Foi inaugurado um relógio para uma contagem do tempo até as pautas serem atendidas pelo governo Lula. 

O setor reivindica ao governo:  

  • a suspensão das importações subsidiadas da Argentina e do Uruguai ou adoção de medidas compensatórias, ou salvaguardas imediatas;
  • o Plano Nacional de Renegociação de Dívidas de todos os produtores de leite;
  • a inserção permanente do leite nos Programas Sociais do governo federal; 
  • a ampliação da fiscalização no âmbito do Decreto 11.732/2023, que visa estimular a venda de leite in natura por meio de benefícios governamentais.

No Estado mineiro, o governo vai retirar as empresas importadoras de leite em pó do Regime Especial de Tributação e eles voltarão a pagar ICMS. No Brasil todo, em 2023, cerca de 8% do leite consumido veio de importação, com mais de 2 bilhões de litros. De acordo com a Embrapa Gado de Leite, o percentual está acima da média histórica, que variava entre 3% e 4% em anos anteriores. Há preocupações de que o aumento da importação gere mudanças estruturais na cadeia, como a redução no número de produtores e risco de o Brasil se tornar dependente das compras externas para suprir o mercado doméstico.

As importações do Brasil têm origem principalmente na Argentina e no Uruguai, e o aumento da oferta do produto desses países aqui favorece a queda de preço no litro do leite pago ao produtor. A situação explica parte da crise vivida pelo setor, que perde pecuaristas ano após ano. Desde o ano passado, quando as importações atingiram o maior patamar em pelo menos em 20 anos, o governo federal anunciou algumas medidas, como a taxação de leite vindo de fora do Mercosul e benefícios fiscais para a indústria que usar leite nacional, por exemplo. Não foi suficiente e o agronegócio quer mais.  Quer que a cadeia leiteira seja entendida como estratégica para a segurança alimentar do país e receba o suporte necessário da política agrícola para se manter produtiva e competitiva.