CIOs precisam estar nos negócios e ser influenciadores

CIOs dos bancos: a tecnologia no centro dos negócios

O início do segundo dia do Febraban Tech foi marcado pela palestra CIOs dos bancos: a tecnologia no centro dos negócios. Ricardo Guerra, CIO do Itaú Unibanco, começou sua participação dizendo ser fundamental estar mais próximo do cliente e do negócio, entendendo quais tipos de problemas podem ser resolvidos.

“Para isso, precisamos desenvolver skills de negócios, entender do negócio, conhecer as dores dos clientes e ajudar a trazer soluções tecnológicas. Também é preciso ter uma característica interpessoal, porque o profissional de tecnologia está exposto a essa mudança de maneira muito forte”, comenta.

“Nós precisamos ser influenciadores. Como conseguimos convencer a área de negócios e mostrar através de uma nova tecnologia as oportunidades de negócios. Muitas vezes aquele negócio não vai prosperar porque a economia não está preparada, os clientes não entenderam, mas nós de tecnologia precisamos estar preparados para quando for o momento”, pondera Edilson Reis, CIO e diretor-executivo do Bradesco.

Luis Bittencourt, CIO do Santander Brasil e CEO da F1RST Digital Services, faz uma linha do tempo e diz que os profissionais de tecnologia que estão há décadas na área já viram a tecnologia passar como centro de custo, caixa preta (onde alguém pedia um projeto e recebia depois de um tempo), ser chamada de commodities.

“Hoje o CIO e toda a liderança de tecnologia têm que ser um habilitador de todas as áreas de negócios. As áreas não conseguem transformar e atender seus clientes sem tecnologia. Temos que mudar bastante e entender que não somos mais controladores de nada. Temos que ser visto como habilitadores”, frisa ele.

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Adriana Salgueiro, VP de Tecnologia e Digital da Caixa, trouxe a visão das mulheres no mercado de tecnologia. De acordo com ela, 51% da população é de mulheres no Brasil e, dando um foco no setor, a representatividade é de 39%. Entretanto, o cenário tem melhorado e crescido – 32.600 mulheres foram contratadas no setor no ano passado, quase 45% dos empregos gerados.

“Quando a gente faz esse retrato para posições de liderança, o Brasil está perto do mundo, com 15% com mulheres CEOs. Isso se devota a uma série de dificuldades e enfrentamentos, desde o viés de gênero, uma questão estrutural e pela ausência de modelos de referência porque os percentuais são menores. Tem uma dificuldade das mulheres se enxergarem e ver que é possível uma posição de liderança em tecnologia”, alerta ela.

IA e Open Finance

Para Guerra, o potencial de mudança com a IA generativa ao longo de 2023 é até difícil de conseguir enxergar. “O que eu acho que a IA generativa está trazendo é uma visão diferente de disrupção. Vai haver uma mudança muito forte de trabalho de criação ser substituído por IA e acho que a gente tem que estar preparado não só para conseguir se utilizar da tecnologia, mas para entender esse impacto. Novas profissões vão surgir e já estão surgindo.”

Edilson concorda ao dizer que é um “empurrão de transformação” nunca visto. Além da tecnologia, ele frisa que, se antes, algumas centenas de pessoas pensavam em Inteligência Artificial dentro de um grande banco, agora todos os colaboradores querem falar sobre o assunto.

“Quanto mais conectados, digitais, quanto mais consumimos dados de forma concomitante no ecossistema de dados inteligentes, a gente alavanca as possibilidades de uso da IA. Dessa forma, complementamos o foco com o relacionamento com o cliente, as possibilidades de hiperpersonalização ganham uma dimensão enorme além da fronteira que estamos acostumados a ofertar. A gente vem para uma dimensão de diversidade absoluta em termos de parcerias, o market place está aí para não me deixar mentir”, complementa Adriana.

E, junto com a IA, está o Open Finance que busca, através dos dados, entender melhor e ofertar produtos mais coerentes. Sobre o assunto, Luis entende que os clientes estão começando a aprender que os dados são deles e não do banco, como era antes. “Ainda é um super desafio, essa maturação do ponto do usuário ainda vem acontecendo, mas muitos já pensam que estão compartilhando para ter uma melhor oferta.”

Ainda assim, segundo o CIO do Bradesco, ainda há o grande desafio dos casos de uso para o cliente entender que faz sentido ter o consentimento, porque está vendo o benefício em troca. “E hoje a gente ainda não conseguiu chegar lá.”

Há, ainda, o desafio técnico de implementação. Guerra explica que isso foi aprendido ao longo do tempo e que os bancos estão superando as etapas de implementação. Entretanto, é um modelo bem diferente daqueles em que as empresas estão acostumadas a trabalhar. “Temos a oportunidade de conhecer o nosso cliente. Mas isso também requer uma estruturação de negócio diferente, pois não é tão fácil saber usar os dados que são coletados.”

E mesmo com todas as inovações envolvidas, Christian Flemming, CTO e COO do BTG Pactual, fala sobre a diferença de um banco que já nasceu na nuvem. “Depois de falar de IA, nuvem parece quase um choque de realidade. No BTG, as novas áreas de varejo e banco digital são cloud native e viemos de uma jornada de conversão dos business tradicionais para a nuvem”. Segundo ele, isso permite que o banco inove com flexibilidade e agilidade, mas que é importante ter ciência do que realmente traz valor na nuvem.

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