Lula vê em Lewandowski um ‘novo’ Márcio Thomaz Bastos

Ministro da Justiça de Lula de 2003 a 2007, o advogado Márcio Thomaz Bastos, que morreu em 2014, virou modelo para o petista por conjugar duas características normalmente antagônicas: combatividade e conciliação. Esse é o perfil desejado pelo presidente da República para substituir Flávio Dino no Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Como chamavam os mais próximos, MTB também se tornou um grande conselheiro de Lula, tendo participado das indicações de 8 ministros do Supremo, inclusive Ricardo Lewandowski, que se aposentou no ano passado e agora é o favorito para a pasta no Executivo — com apoio dos ex-colegas de toga. O martelo será batido nas próximas horas. 

Para o presidente, Lewandowski tem autoridade moral para resgatar o status do principal ministério da Esplanada, pacificar a disputa interna pelo loteamento de cargos e reforçar o grau de institucionalidade da própria pasta, considerando o apego do ex-ministro às liturgias do poder. No quesito combatividade, ele não espera ver Lewandowski usando as redes sociais na guerra política, mas deseja a estrutura de inteligência e investigação voltada à responsabilização dos mentores do 8 de janeiro. Lula também quer que o MJSP volte a ser um planejador de políticas públicas, especialmente endereçadas ao combate ao crime organizado e à violência urbana, e aos crimes em ambiente virtual, onde se dá boa parte do debate político atual. Como reafirmou ontem, o presidente considera urgente a regulação das redes.

Em artigo assinado com Jorge Messias na Folha dias atrás, Lewandowski escreveu que “o espectro do autoritarismo continua a nos assombrar, pois os agentes do caos e da discórdia continuam ativos, embora momentaneamente recolhidos, aguardando o momento mais propício para desferirem novos golpes”. “Não basta, consideradas as graves distorções ocorridas nas últimas eleições, garantir o voto direto, secreto, universal e periódico aos cidadãos. É preciso assegurar que ele seja exercido da forma totalmente livre, a salvo de quaisquer interferências espúrias, sobretudo do velho abuso do poder econômico e político e do mais recente emprego espúrio das fake news e da inteligência artificial.”