Como a tensão Brasil-Israel impacta o agro?

Depois da declaração polêmica do presidente Lula, que comparou a ação de Israel em Gaza ao Holocausto, há uma piora na relação diplomática entre os dois países. O governo de Benjamin Netanyahu declarou o presidente brasileiro como “persona non grata“, que não é bem-vindo. Nesse contexto de crise, haverá mudanças para o agronegócio brasileiro? Para responder a essa pergunta, antes precisamos entender qual a relação comercial entre Brasil e Israel no agro. Nas importações de insumos estratégicos, como fertilizantes, Israel está entre os principais fornecedores brasileiros. Em 2023, o país ficou com fatia de pouco mais de 7% das origens do cloreto de potássio utilizado nas lavouras daqui. Para fertilizantes de fósforo, como superfosfato simples e superfosfato triplo, o país respondeu por 17% das importações brasileiras. Ou seja, é uma importante origem do que é usado no agro.

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No caso das exportações do agro brasileiro para Israel, soja, carnes e cereais estão entre os produtos mais enviados. De lá vem para cá, frutas, produtos do complexo sucroalcooleiro e de origem vegetal. Apesar da crise diplomática entre os países, não é esperado uma quebra no fluxo comercial de importações e exportações de forma a impactar o agronegócio brasileiro. O analista de mercado de fertilizantes da StoneX, Marcelo Mello, diz que as importações de adubo vindas de Israel são consideradas pequenas e por isso não há risco maior para o setor agrícola do Brasil. O mesmo vale para as exportações agro-brasileiras, já que Israel ficou na 46º posição. Leandro Gilio, pesquisador do Insper, acredita que o risco de uma sanção comercial ainda é pequeno. As relações entre Brasil e Israel vão muito além dessa lista de produtos aqui mencionados, as trocas na área de irrigação e startups são exemplos do intercâmbio bem sucedido entre as partes, que espero, não seja interrompido por declarações inconsequentes como as feitas por Lula.