Por que a computação em nuvem é crítica para o futuro dos serviços financeiros?

Como uma indústria que reconhecidamente e historicamente lidera avanços relativos à transformação digital, as empresas do setor de serviços financeiros estão rapidamente se tornando negócios de TI. Não se trata mais de uma questão de atualizações periódicas para elevar a infraestrutura dos serviços a um nível estável e de desempenho; isso passou a ser uma tarefa permanente para atender às necessidades do negócio através das tecnológicas emergentes.

Como acontece com qualquer setor no processo de transformação, cada empresa da indústria estará em um momento diferente relacionado a seus recursos e necessidades de TI. Embora existam tendências em todos os setores, a reação a essas tendências precisa ser personalizada; uma organização pode estar pensando em migrar partes do negócio para sistemas totalmente novos, por exemplo, enquanto outra pode estar melhor aproveitando os investimentos existentes. A migração para a nuvem oferece às organizações do setor financeiro flexibilidade e agilidade necessárias para reagir a estas tendências, contudo precisam do conhecimento certo para fazer isso.

Particularmente neste ano, está acontecendo uma grande movimentação relacionada à transformação digital no setor financeiro, nos bancos e fintechs. Segundo pesquisa da Quanto, em parceria com a Aster Capital, 65% dos brasileiros estão dispostos a compartilhar seus dados para obter melhores taxas bancárias. Para isso, é preciso a utilização de uma plataforma segura e confiável para conseguir assegurar transações como, por exemplo, o Pix.

Embora as organizações precisem pensar e operar como empresas de TI para acompanhar a demanda, muitas não têm experiência interna para efetuar essa transformação. Para contornar isso, muitas empresas estão fazendo parceria com provedores de soluções de infraestrutura de TI para operarem sua infraestrutura de missão crítica e aumentarem a flexibilidade de escalabilidade sob demanda e disponibilidade de serviço global. No entanto, a transformação digital não acontece da noite para o dia.

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Para o setor de serviços financeiros, os benefícios da nuvem são substanciais: a capacidade de fornecer valor comercial mais rapidamente e inovar em escala, maior processamento de dados (quase em tempo real), experiências exclusivas do cliente, maior agilidade nos negócios e capacidade de transformação contínua. Mas antes de começar a desenvolver um plano, é fundamental determinar exatamente os resultados de negócios que se deseja da nuvem.

Embora as transformações da nuvem apresentem grandes oportunidades, elas também representam desafios significativos. Sem uma compreensão clara do processo, dos riscos e regulamentações às expectativas do cliente, de como a jornada do cliente se desenrolará até como as coisas podem dar errado, é menos provável que uma transformação na nuvem seja bem-sucedida.

As transformações de nuvem bem-sucedidas dependem do gerenciamento de risco de dados. As instituições financeiras têm demorado mais para implantar a nuvem devido às preocupações em atender às demandas dos reguladores relacionadas a transações, processos e gerenciamento de informações do cliente.

Os dados confidenciais das transações de clientes e organizações podem se transformar em tesouros nas mãos dos hackers. Fora isso, caso haja uma interrupção nos serviços por alguma falha tecnológica ou humana, o estrago pode tomar proporções gigantescas.

Para garantir a adoção bem-sucedida da nuvem, as organizações precisam considerar todo o potencial da computação em nuvem. Começar definindo uma direção clara de como a organização pode aproveitar as soluções em nuvem para dar suporte às prioridades de negócios, à jornada transformacional, ao modelo operacional e às mudanças de capacidade necessários.

Depois que essa clareza é alcançada, as empresas podem definir o escopo com base nos drivers técnicos e de negócios para migrar para a nuvem, incluindo atributos como desempenho, operações, arquitetura, custo, riscos, segurança e conformidade, criticidade de negócios e planos de migração.

Essas informações podem ser usadas para desenvolver um caso de negócio robusto para os aplicativos e cargas de trabalho que mais podem se beneficiar da migração antecipada para a nuvem. Para aproveitar a computação sem servidor e a escalabilidade do servidor, por exemplo, as organizações devem considerar tornar seus aplicativos nativos da nuvem. Isso significa que eles terão que ser configurados e/ou reescritos para a nuvem ou substituídos por aplicativos que foram projetados especificamente para a arquitetura de nuvem.

As organizações do setor devem explorar onde podem se beneficiar da substituição de plataformas de banco de dados legadas migrando para um banco de dados nativo da nuvem. Isso pode melhorar o desempenho, fornecer conformidade nativa da nuvem e economizar dinheiro com taxas de licença. As organizações também devem explorar onde podem se beneficiar com a modernização de aplicativos existentes para usar a funcionalidade de nuvem.

A jornada para a nuvem nunca é linear, mas com o conhecimento certo e a tecnologia certa, é uma viagem que pode preparar as organizações para o futuro centrado em TI.

* Flavio Carnaval é líder de práticas de Cloud, Apps, Data e IA da Kyndryl Brasil