Cônsul honorário da Ucrânia elogia resolução da ONU para o fim da guerra: ‘O mundo precisa disso’

Há exatamente um ano, as tropas russas davam início à invasão ao território da Ucrânia. O balanço do conflito é devastador e estima-se que 300 mil soldados tenham morrido e entre 30 mil e 40 mil civis foram vítimas fatais desde o início da guerra. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), os combates deixaram mais de cinco milhões de deslocados internos e obrigaram quase oito milhões de pessoas a abandonar a Ucrânia. Para comentar o primeiro ano da guerra e dar a perspectiva do povo ucraniano sobre o conflito, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o cônsul honorário da Ucrânia em São Paulo, Jorge Rybka, que elogiou a última resolução para o fim da guerra aprovada pela ONU nesta quinta-feira, 23: “É positivo, é o caminho. Acredito que esse é o caminho. Temos que começar, se não houve essa abertura diplomática anteriormente, talvez não no grau que gostaríamos, mas eu acho que é o caminho a ser trilhado. É o início dessa paz”.

“É necessário e o mundo precisa disso, não só a Ucrânia. Aqui não estamos falando simplesmente de um país, também não só da Europa, é a liberdade, a liberdade dos povos, a liberdade individual, a democracia e a luta pelos ideais que acredito que todos nós somos a favor”, declarou. O diplomata também ressaltou que as negociações não podem significar uma rendição da Ucrânia ou uma submissão à Russia de Vladimir Putin: “A expectativa é pelo final, pelo final mais rápido possível, pelo retorno da paz. Mas a paz verdadeira, ou seja, a paz com garantias da sua liberdade, a paz com a garantia da soberania da Ucrânia e a integridade territorial, importantíssimo isso”.

A respeito da escassez de recursos bélicos para que as tropas ucranianas mantenham o controle de seus territórios ocupados, Jorge Rybka se mostrou positivo de que a comunidade internacional deve retomar o envio de recursos: “A Ucrânia tem feito solicitações e tem sido atendida. Eventualmente há períodos que realmente há uma defasagem. Mas acreditamos que a ajuda é importante para toda a Europa. Porque a Ucrânia está sim a se defender em seu território, mas ela defende algo muito maior. Entendemos que deva haver uma defasagem, mas que devemos receber todo esse material”. O cônsul honorário também exaltou a fala do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a respeito de que 2023 será o ano da vitória: “O que o presidente quis dizer com isso e que todos os ucranianos que vivem na Ucrânia, e os de fora da Ucrânia, acreditam é que realmente o único caminho é a vitória sim, e a paz, a conquista da paz. Esta paz tem que ser conquistada, já percebemos isso. Esse último ano foi muito complicado”.

“Como já foi dito, não é uma guerra que completa um ano, a invasão completa um ano, mas essa guerra começou em 2014”, ressaltou Rybka em referência à anexação da Crimeia orquestrada por Putin. Na sequência, ele também falou sobre a questão dos refugiados: “Nós falamos de refugiados que deixaram a Ucrânia, na casa dos 8 milhões, muitos desses já retornaram. Mesmo os refugiados que vieram aqui ao Brasil, muitos deles já retornaram. Se não para a própria Ucrânia, para países próximos à Ucrânia, para não ficarem tão longe da sua terra e de seus familiares (…) Em 2014, com o início dessa guerra, nós tivemos 1,5 milhão de refugiados internos. Chegamos hoje na casa de 10 milhões de refugiados internos. É algo muito grande. As imagens mostram que cidades foram totalmente destruídas, não estão mais no mapa”.

O cônsul destacou que os alvos das tropas russas não se limitam a estruturas militares e têm vitimado milhares de civis: “A tragédia é terrível e as necessidades desse povo são grandes: alimentação, água e remédios. E os ataques são realmente a civis. Não são estruturas militares que estão sendo atacadas, são residências, hospitais, escolas, maternidades. Crianças, jovens, idosos e mulheres, estes que estão tendo suas vidas ceifadas. É uma tragédia humanitária, sem dúvida. A Ucrânia não tem outro caminho a não ser a vitória e a busca pela paz”. Na visão de Rybka nenhuma saída diplomática para o conflito foi feita até agora por falta de interesse de Putin: “A Rússia não quer uma saída diplomática. Pelo menos ela não demonstrou em nenhum momento uma possibilidade para isso”.

“Lá no início, se fizeram algumas reuniões que não levavam à busca pela paz, e sim gostariam que a Ucrânia se entregasse. Na verdade, eu acredito que não houve, até o momento, uma possibilidade dessa busca pela saída diplomática. Mas eu acho importante sim, que se façam todos os esforços para isso. A Ucrânia sempre desejou a paz mas como eu disse, a paz verdadeira e não a paz da submissão, da escravidão”, argumentou o cônsul. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.