Conteúdo extremista continua nas redes sociais mais de 24 horas depois de atos de terrorismo em Brasília


Alguns dos posts ativos que insuflam caos na capital têm quase 1 milhão de visualizações. Dona do Facebook disse que derrubaria ‘conteúdo que enalteça essas ações’, assim como o YouTube. Kwai ‘reitera compromisso no combate à desinformação, principalmente, neste ano após as eleições’. Twitter, TikTok não se manifestaram. Em live com mais de 900 mil visualizações no canal VV8 no YouTube, bolsonaristas defenderam ato golpista e alegaram sem provas que eleições foram fraudadas
Reprodução/YouTube
Um dia depois da invasão de bolsonaristas criminosos ao Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal (STF) e Palácio do Planalto, conteúdos que insuflam ou apoiam os atos terroristas continuam circulando nas redes sociais.
Em cerca de 3 horas de buscas nas principais plataformas, na tarde desta segunda-feira (9), o g1 encontrou em todas elas exemplos de posts que defendem os ataques. Alguns chegam a ter quase 1 milhão de visualizações.
Na manhã desta segunda-feira (9), a Meta, dona de Facebook, Instagram e WhatsApp, afirmou que removeria “conteúdo que apoie ou enalteça essas ações”. Procurado pelo g1, o YouTube deu posicionamento semelhante.
O Kwai afirmou que “reitera seu compromisso no combate à desinformação, principalmente neste ano após as eleições” (leia as notas ao fim do texto). Twitter, Telegram e TikTok não se manifestaram até a última atualização desta reportagem.
Alguns perfis que postaram conteúdo golpista no último domingo estão fora do ar, mas, em nenhum dos casos encontrados, a página contém o aviso que costuma aparecer quando uma conta é derrubada pela plataforma.
FOTOS: veja pessoas que participaram de invasão do Congresso, do STF e do Planalto
CANAL: governo cria e-mail para receber informações de terroristas
MUTIRÃO: perfis nas redes ajudam a identificar terroristas
Post fala em ‘orgulho’ pela derrubada da barricada para pedestres na área do Congresso
Reprodução/Instagram
Lives, vídeos e fotos
No YouTube, uma transmissão ao vivo com quase 4 horas e mais de 995 mil visualizações mostrou o movimento desde a subida da rampa do Congresso no domingo (8).
Com alegações de que o ato golpista foi uma luta pela liberdade, a live foi usada para chamar mais pessoas a se dirigirem à Praça dos Três Poderes e para pedir doações para financiar o canal.
Diversos vídeos que continuavam no ar defendem a teoria de que a manifestação começou pacificamente e que todos os estragos feitos nas sedes dos Três Poderes foram causados por “infiltrados de esquerda”.
Circulavam ainda posts convocando para paralisações nesta segunda-feira.
No Tik Tok, o perfil usersergioricardo2022 compartilha um vídeo em que acusa um dos vândalos em Brasília de ser um infiltrado no ato
Reprodução / TikTok
No Kwai, perfil Notícias do JC convoca caminhoneiros para paralisação
Reprodução / Kwai
Perfil historia_politica_em_foco no Instagram diz que invasão de Brasília mostra que a “paciência já acabou” e que burocratas não mandam no país
Reprodução / Instagram
Em vídeo com mais de 14 mil visualizações no Twitter, bolsonarista critica Exército
Reprodução/Twitter
Usuária defende invasão à Brasília, se refere ao ato como “Festa da Selma” e diz que Bolsonaro é o “pai da Selma”
Reprodução / Twitter
Transmissão ao vivo com mais de 58 mil visualizações no perfil Tarcísio Castan, no Facebook, demonstrou apoio ao grupo de bolsonaristas que se dirigia à Praça dos Três Poderes
Reprodução/Facebook
Perfil que usa imagem do PL diz ter orgulho após invasão em Brasília
Reprodução/Twitter
No Kwai, perfil Brasileira diz que vandalismos em Brasília foram feitos por infiltrados na invasão.
Reprodução / Kwai
Post no Instagram pede intervenção militar em apoio aos atos terroristas
Reprodução/Instagram
Usuária no Twitter celebra invasão de Brasília
Reprodução/Twitter
Perfil posta vídeo que convoca pessoas para Brasília e fala em “tomada do poder”
Reprodução/Twitter
Youtuber diz que danos na invasão à Brasília foram feitas por infiltrados
Reprodução / YouTube
Usuária no Twitter diz que danos causados durante a invasão de Brasília foi feita por “infiltrados”
Reprodução / Twitter
No Kwai, bolsonaristas dizem que caminhoneiros estão indo para Brasília
Reprodução / Kwai
O que prometem as redes
A Meta, dona do Facebook e Instagram, afirmou à BBC na manhã desta segunda que começaria a remover e bloquear de suas redes sociais conteúdo em defesa das invasões.
Um porta-voz da Meta disse que excluiria imediatamente postagens “pedindo que as pessoas peguem em armas ou invadam à força o Congresso, o Palácio do Planalto e outros prédios federais”.
“Também estamos classificando isso como um ato de violação, o que significa que removeremos conteúdo que apoie ou enalteça essas ações”, acrescentou o porta-voz.
O g1, então, procurou Twitter, Youtube, Kwai, Telegram e TikTok para questionar sobre como as empresas lidariam com esses conteúdos.
O que disse o YouTube:
“Estamos monitorando a situação na capital brasileira envolvendo os espaços públicos das instituições na Praça dos Três Poderes. Nossos times estão removendo conteúdo que viola nossas políticas, incluindo transmissões ao vivo e vídeos que incitam violência. Além disso, nossos sistemas estão exibindo com destaque conteúdo de fontes confiáveis na nossa página principal, no topo dos resultados de busca, e nas recomendações. Permaneceremos vigilantes conforme a situação continue a se desenrolar”.
O que disse o Kwai:
“O Kwai reitera seu compromisso no combate à desinformação, principalmente, neste ano após as eleições. É importante esclarecer que todas as ações e iniciativas desenvolvidas pela plataforma para conter o avanço e propagação de conteúdos que tenham o potencial de prejudicar o processo democrático permanecem em andamento.
Além disso, o Kwai reforça que segue regras internas e que possui mecanismos de segurança que atuam 24 horas por dia, combinando inteligência artificial e análise humana para identificar e remover o mais rápido possível conteúdos que violem ou infrinjam as políticas da comunidade.
A plataforma ainda conta com a parceria da agência de checagem de fatos “Aos Fatos”, e com mecanismos de denúncia nos quais os usuários podem relatar tais comportamentos dentro do aplicativo. Os conteúdos checados poderão ser retirados da plataforma ou rotulados como desinformativos. Vídeos não verificados têm a exposição diminuída e violações contínuas podem levar ao banimento da conta.”