CPI das Apostas quer abrir os trabalhos convocando promotores do MP de Goiás e presidente do Vila Nova

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, que iniciará seus trabalhos na próxima terça-feira, 23, deverá colocar em votação uma sequência de convites ao seguintes envolvidos com a Operação Penalidade Máxima: o promotor do Ministério Público de Goiás, Fernando Cesconetto; ao procurador-geral de Justiça do Ministério Público do Estado de Goiás Cyro Terra Peres; e o presidente do Vila Nova Futebol Clube e policial militar, Hugo Bravo – responsável pela investigação de provas de um suposto esquema de manipulação de resultados entregue ao MP-GO. Em documento obtido pela equipe de reportagem da Jovem Pan, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) – que abriga as filiações do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do vice-presidente Geraldo Alckmin – orientou seus quadros que integrem a CPI a votarem de maneira favorável à aprovação dos requerimentos. Na justificativa de um dos requerimentos que serão votados que prevê a convocação de Hugo Bravo na condição de testemunha, o autor da iniciativa, deputado federal Albuquerque (Republicanos-PR), sustenta que cartola deverá contribuir com sua “investigação que culminou com o desbaratamento de uma verdadeira máfia que coordenava fraudes no futebol brasileiro”. Até o momento, foram aceitas 10 propostas pelo presidente da comissão, deputado Júlio Arcoverde (PP-PI) que serão votados nesta terça-feira e incidem sobre investigações que já estão em curso, como um pedido de compartilhamento de informações dos inquéritos. Convocada, a discussão e votação das pautas legislativas ocorrerá as 15h.

Entenda

Realizada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), a Operação Penalidade Máxima passou a investigar 16 pessoas, desde o ano passado, por suposto envolvimento num esquema de manipulação de resultados e acontecimentos durante partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de jogos de torneios estaduais pelo país. Em entrevista ao programa “Bate-Pronto”, do Grupo Jovem Pan, o presidente do Vila Nova, policial Hugo Jorge Bravo, explicou que foi informado sobre um jogador de seu time que estava sendo meaçado por um apostador. O cartola, então, afirmou que resolveria o problema do criminoso, mas levou a situação para conhecimento da Justiça. “Nós ficamos sabendo que um atleta, que fazia parte do nosso clube, estaria sendo cobrado por um grupo de apostadores por uma aposta que não teria dado certo. Ao tomar conhecimento, procuramos saber de onde vinha a informação e quem estaria cobrando. Entramos em contato com o apostador e começamos a extrair as informações através do WhatsApp, que possibilitou materializar as provas. A partir daí, procurei o Ministério Público do Estado de Goiás, através do Fernando Cesconetto, que é o grande e principal responsável por tudo isso. Ele acredito em nós, se prontificou a abrir mão de várias coisas e se debruçou de forma incessante no caso. Entrei no caso tentando ser um ‘encantador de serpente’. Falei: ‘amigão, vou resolver seu problema’. Na verdade, estávamos só tentando esclarecer um crime, que estava debaixo do meu nariz”, pontuou.

Segundo o MP-GO, os atleta abordados recebiam ofertas de R$ 40 mil a R$ 100 mil para cometer infrações em campo, como receberem cartões amarelos e/ou vermelhos. Até o momento, não há suspeita de manipulação nos resultados dos confrontos. No total, dez jogadores foram apartados das atividades cotidianas dos seus times: Vitor Mendes (Fluminense), Richard (Cruzeiro), Nino Paraiba (América-MG), Maurício (Internacional), Raphael Rodrigues (Avaí), Alef Manga e Jesus Trindade (Coritiba), Paulo Miranda (sem clube), Fernando Neto (São Bernardo) e Eduardo Bauermann (Santos). A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no entanto, rechaçou uma possível paralisação do Campeonato Brasileiro de 2023 “ou anulação de partidas” já que não há indícios de paralição dos clubes e casas de apostas no esquema.