CPI do MST quer explorar eventual ‘histórico de omissão’ de Gonçalves Dias; Rui Costa também é alvo

A oposição na CPI do MST quer saber quantos relatórios de inteligência foram produzidos durante o período em que o general Gonçalves Dias comandou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Se efetivamente produzidos, para quem os informes foram enviados e quais medidas teriam sido tomadas diante das ameaças de invasões de terras, assim como durante e após as ocupações. A primeira invasão no terceiro mandato de Lula ocorreu no dia 3 de janeiro. G Dias deixou a chefia do GSI em 19 de abril, após virem à tona imagens de câmeras internas do Palácio do Planalto que mostravam o general interagindo com outros invasores: os do dia 8 de janeiro. No caso dos sem-terra, ocorreram em média 17 invasões de propriedades no país nos quatro primeiros meses do ano. O general precisará explicar se tomou alguma medida para evitá-las ou se nada fez.

Embora o Supremo tenha garantido a G Dias o direito de não se incriminar, o clima deve esquentar na CPI hoje. Os deputados querem explorar o que classificam como eventual ‘histórico de omissões’ do general, que tampouco teria adotado medidas de prevenção para evitar a invasão do Palácio do Planalto. Mais cedo, o ex-diretor da Abin Saulo Moura da Cunha revelou à CPMI do 8 de janeiro ter emitido 33 alertas de inteligência nos dias que antecederam o trágico episódio envolvendo a depredação das sedes dos Poderes em Brasília. “O precedente não o ajuda”, afirma um integrante da CPI do MST. “Será que ele foi avisado no caso das invasões dos sem-terra?.” A propósito, o colegiado já pediu à Abin todos os informes relativos a invasões de terras desde o início do ano, tanto antecipações de inteligência quanto relatórios estratégicos dos fatos já ocorridos.

A CPI do MST também deve colocar em votação, logo no início da sessão de hoje, novo requerimento de convocação do ministro Rui Costa, ex-governador da Bahia, um dos estados mais afetados pelas invasões. Assim como no caso de G Dias, o objetivo é saber se Costa foi informado e quais providências foram tomadas desde que a Abin passou formalmente à supervisão da Casa Civil. Nos últimos dias, o MST promoveu novas invasões em Pernambuco, Bahia e Goiás, inclusive em área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).