Criptomoedas reguladas e com respaldo: o futuro do mercado cripto?

As criptomoedas chegaram para ficar, e os legisladores estão conscientes disso. Do MiCA (regulamento sobre os mercados de criptoativos) da União Europeia, que entra em vigor em 2024, até a Lei Bitcoin do Brasil, que começou a ser aplicada em 20 de junho, a corrida dos países para oferecer garantias e segurança aos usuários é evidente. A regulamentação não é apenas uma questão de segurança, mas também de concorrência. Os Estados querem garantir sua competitividade no mercado de criptoativos, que só no Brasil tem uma receita prevista de US$ 531,20 milhões em 2023.

Por isso, organizar o setor equivale a manter-se vigente em um mercado que já avançou muito, e sem qualquer tipo de controle. A adoção das criptomoedas no mundo cresce em média mais de 8% por ano, e estima-se que até 2027 os usuários de criptomoedas ultrapassem 994 milhões. Diante dessa perspectiva de crescimento, os investidores precisam legitimar a atividade e dispor de um ambiente seguro para o desenvolvimento do setor, o que também se reflete na necessidade de que as empresas de criptomoedas se adequem às regulamentações e, inclusive, alterem a natureza de seus criptoativos.

Respaldo contra a volatilidade

As criptomoedas de última geração atenderam a esse chamado reintroduzindo uma noção básica que foi abandonada por muitos tokens: a necessidade de respaldo. Das mais de 20 mil criptomoedas existentes, estima-se que apenas 8 mil estejam ativas e, entre elas, um número ínfimo possui algum tipo de lastro. O resgate da noção inicial de dinheiro atrelado ao ouro deu origem ao que hoje são as criptomoedas baseadas em ativos reais, que vão do abacate à mineração, reduzindo, assim, a sua volatilidade.  

A Unicoin é um exemplo desse conceito renovado. A criptomoeda oficial do programa Unicorn Hunters é lastreada em imóveis, ações de empresas com potencial para atingir uma avaliação de bilhões de dólares e outros ativos estratégicos, como uma mina de cobre. Além disso, a Unicoin anunciou recentemente a sua intenção de ser listada na INX, única exchange regulamentada pela Securities and Exchange Commission dos Estados Unidos. Esse tipo de avanço é motivado pela evolução do mercado cripto rumo a um espaço mais regulamentado, que permita sua integração às finanças tradicionais.  

Regulamentação na busca pela legitimidade

Outro ponto a favor da regulamentação é que ela pode permitir a entrada de investidores institucionais no setor, que atualmente tem sua atuação no mercado cripto limitada pela legislação. Entre os exemplos desse tipo de iniciativa estão grandes players das finanças no Brasil, como o Nubank, que lançou seu próprio token em março deste ano, e o Banco do Brasil, o mais antigo do país, que anunciou em fevereiro a possibilidade de que seus clientes paguem impostos utilizando criptomoedas.

Enquanto isso, o Banco Central do Brasil está testando a tecnologia piloto que permitirá a criação do real digital, previsto para entrar em operação em 2024. O respaldo e a regulamentação andam de mãos dadas, e a evolução das criptomoedas é uma consequência desse novo panorama.