Crise da Oi não afeta modelo da V.Tal, afirmam controladores

Crise da Oi não afeta modelo V.tal- crédito-divulgacao
A empresa afirma não ter qualquer dívida. Crédito-Divulgacao

A V.tal, empresa de rede neutra do BTG/Partners, que conta com a Oi como segundo maior acionista e também como o seu maior cliente, não sofrerá qualquer impacto com a crise da Oi, afirmam seus controladores em conversa com o Tele.Síntese, que preferiram não se identificar. Para o banco, se a Oi confirmar a recuperação judicial; se resolver vender sua participação acionária, ou sua base de clientes, ou mesmo, se for à falência, a V.tal não será afetada.

E para cada um dos riscos, os argumentos:

  • Se Oi pedir a RJ

Para a V.tal, a Oi não está com problemas de pagamento de fornecedores, de trabalhadores, ou de dívidas negociadas com o Estado. Está renegociando apenas o pagamento àqueles que detêm bonds da empresa. E o fato de a Oi ter saído da Recuperação Judicial, há mês para um novo pedido, mesmo com a condição da justiça de que teria que ter geração de caixa positiva por pelo menos três anos, não é contraditória.

“ Se acontecer, será uma RJ light, pois se concentrará na renegociação com aqueles que têm os bonds. Não vão ganhar os 100 por cento do valor de face, mas estarão ganhando um bom dinheiro pelo que pagaram”, entende a fonte. O fato de os bancos comerciais estarem recorrendo contra a própria cautelar que “blindou” a Oi antes mesmo do pedido de RJ ser aprovado, também não preocupa. “ Os bancos também já ganharam com os bonds”, afirma o interlocutor. Entende que o atual cenário (de aumento de expectativa de incremento na taxa de juros e os recentes rombos provocados pelo escândalo Americanas e grandes dívidas de outras lojas de varejo) estão fazendo com que os bancos fiquem mais exigentes e, por isso, mais reativos.

  • Se Oi não conseguir pagar fornecedores

Apesar do otimismo, a dívida da Oi é de mais de R$ 30 bilhões, para fluxo de caixa anual de não mais do que R$ 3 bilhões. Mas, para a V.tal, em qualquer cenário, a sócia da Oi não correrá risco de inadimplência.

“ Não  há qualquer risco de crédito da Oi, pois os clientes de fibra da Oi  pagam diretamente à V.Tal, que repassa os recursos à Oi. Isso quer dizer que a V.Tal lida com a inadimplência individual do cliente, mas não com o risco de não ter receita dos quatro milhões de clientes de banda larga fixa da Oi”, afirma o interlocutor.

  • Se Anatel cobrar a fatura dos bens reversíveis à V.tal

A V.tal admite que, entre os seus ativos existem bens reversíveis à União, que pertencem à concessão de telefonia fixa. Mas, na avaliação da empresa, independentemente da decisão da Oi (se vai migrar para o regime privado, ou se vai entregar a concessão em 2025) esses bens reversíveis representariam apenas 0,5% de toda a capacidade da V.Tal, que, em qualquer caso, seriam usados pelo futuro  concessionário.

“ A comissão de arbitragem ainda está analisando e é possível que se chegue a um valor mais factível para os dois lados (União e concessionária). Vale lembrar que, recentemente, no segmento de energia, onde este debate também foi travado, o grupo Votorantim ganhou na arbitragem e apresentou uma fatura de R$ 12 bilhões para a União”, observa. [A Oi alega que a concessão está em desequilíbrio econômico há vários anos, e cobrar da União o ressarcimento por esse alegado prejuízo. A União, por sua vez, alega que a Oi deve bilhões à socieade, por obrigações de universalização e contratuais não cumpridas].

  • Contrato Globenet e Oi

Esse tema, assinala a V.Tal remonta a 2012, quando a Oi (então sócia da Portugal Telecom) iniciou o processo de venda de ativos e, entre eles, a sua empresa de cabos submarinos a Globenet, adquirida pelo BTG/Partners. A venda ocorreu com base em contrato no qual a Oi deveria carcar com pagamento de cerca de R$ 1,2 bi/ano pelo uso da infra da Globenet. Essa mesma empresa também virou sócia da V.Tal.

“ No data room de venda, todos tiveram acesso às mesmas informações, que tiveram como assessoria o Goldman Sachs. E, na época, ninguém tinha uma boa visibilidade de preço, mas a venda previa que não haveria erosão. Foi a própria Oi que definiu a capacidade de consumo, no contrato de 12 anos, mais três. E nós pagamos por isso, um valor  de US$ 750 milhões. A Oi chegou a pedir arbitragem para diminuir a sua obrigação financeira, mas perdeu por unanimidade. Até o árbitro escolhido por ela votou contra o seu pleito”, explica.

  • Posição acionária e clientes

Para a V.tal, argumentam as fontes, não pode haver confusão entre venda de posição acionária e venda da carteira de clientes. O atual presidente da Oi, Rodrigo Abreu já afirmou que ainda tem o ativo da V.tal para vender (depois que vendeu as torres, os data centers, a operação de TV paga, a infra de fibra e a operação móvel). Mas, para a V.tal, são dois ativos distintos e cuja relação com a empresa são completamente apartados.

“ Se a Oi quiser vender a sua participação acionária, entrará um novo sócio, com governança de sócio investidor. Recentemente, o Canada Pension Plan Investment Board, um fundo super conceituado e soberano ingressou no capital da empresa, pagando um prêmio pelas ações”, assinalou a fonte, na defesa da modelagem da empresa.

E ressalta: “a venda da participação acionária não tem nada a ver com a carteira de clientes. A V.TAL jamais compraria ou olharia para uma possível venda da carteira dos clientes da Oi, pois ela é uma rede neutra e a sua neutralidade está justamente no tratamento igualitário de todos os seus clientes”.

Segundo esses interlocutores, a V.Tal tem hoje cerca de 70 contratos com clientes de todos os perfis. Embora não divulge o número de acessos que estão conectados a sua rede, informa que, mesmo sem os clientes Oi, os clientes dos demais operadores somados já galgariam a sexta posição de market share de fibra no Brasil.

Para o futuro, a empresa que se diz bastante capitalizada (sem dívida, e com R$ 1,5 bi em caixa), aposta no caminho da construção de data centers e também no fornecimento da rede de fibra para o 5G.

 

 

O post Crise da Oi não afeta modelo da V.Tal, afirmam controladores apareceu primeiro em TeleSíntese.