Crise do clima ‘abriu as portas do inferno’, afirma secretário-geral da ONU

A crise climática provocada pela atividade humana “abriu as portas do inferno”, afirmou nesta quarta-feira, 20, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, na abertura da Cúpula da Ambição Climática, paralela à Assembleia Geral da entidade, em Nova York. “ecas, inundações, temperaturas sufocantes, incêndios históricos. A humanidade abriu as portas do inferno, como demonstraram os horríveis efeitos do horrível calor”, disse Guterres, em uma reunião sem a participação de representantes da China e dos Estados Unidos, os dois países mais poluentes do mundo. De acordo com o secretário-geral, o planeta se dirige para um “mundo perigoso e instável” devido à projeção de aumento da temperatura global em 2,8°C. “Mas o futuro não está decidido, cabe a líderes como vocês escrevê-lo”, alfinetou Guterres. “Ainda podemos limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C e construir um mundo de ar limpo, empregos verdes e energia limpa e acessível para todos (…) Devemos recuperar o tempo perdido por causa da lentidão, as pressões e a ganância dos interesses arraigados que ganham bilhões com os combustíveis fósseis”. O secretário-geral propõe o Pacto de Solidariedade Climática, documento em que os principais países emissores, que são os que mais se beneficiaram dos combustíveis fósseis, reduzam as emissões e apoiem as economias emergentes para que também façam isso.

Em sua Agenda de Aceleração, o secretário-geral da ONU exige “justiça climática” e pede aos governos que acelerem o ritmo para que os países desenvolvidos alcancem zero emissão líquida o mais próximo possível de 2040 e, as economias emergentes, o mais perto possível de 2050. “Muitas das nações mais pobres têm todo o direito de estarem irritadas, porque são elas que mais sofrem as consequências de uma crise climática que eles não provocaram, porque não receberam o financiamento prometido e porque seus custos de financiamento estão nas alturas”, afirmou Guterres. Os países desenvolvidos devem cumprir o compromisso de US$ 100 bilhões (R$ 485 bilhões na cotação atual) para ajudar os países do Sul Global, repor o Fundo Verde para o Clima e duplicar o financiamento para a adaptação. E o mundo inteiro deve estar coberto por um sistema de alerta precoce até 2027, como foi decidido no ano passado, insistiu o diretor-geral. “Uma Cúpula não mudará o mundo. Mas hoje pode ser um momento poderoso para gerar impulso”, concluiu.

*Com informações da AFP