Diferença salarial em TI entre gêneros no Brasil subiu para 25%

A pouca representatividade de mulheres em áreas científicas e tecnologias é uma barreira para a produção de modelos de referências para a inclusão nesse mercado. Essa é uma das conclusões das consequências dos estereótipos de gêneros em TIC, de acordo com um evento realizado hoje (22) pela IDC.

Além disso, cria falta de confiança nas mulheres sobre seu desempenho em matemática e ciências e um ambiente de trabalho tipicamente centrado nos homens, sendo inflexível e excludente.

“Dentro do que vivemos, há dois extremos: o Efeito Matilda que faz referência à inviabilização das mulheres nas licenciaturas, associando a carreira ao gênero masculino e criando estereótipos. Isso somada à falta de informação, desincentiva as mulheres a estudarem essas áreas. Por outro lado, há a Síndrome da Abelha Rainha, que se aplica à rivalidade entre mulheres no lugar do trabalho. Isso acontece porque parece que não há espaço suficiente para as mulheres avançarem em suas carreiras”, explica Natalia Veja, country manager da IDC Chile e Peru.

De acordo com a pesquisa, os homens ganham 12,8% mais do que as mulheres em cargos similares. No Brasil, esse número é mais alarmante: saiu de 19% em 2020 para 25% em 2021. Com esses números, essa diferença só acabaria em aproximadamente 50 anos.

Nacionalmente, as mulheres representam 36,9% dos trabalhadores da indústria de TIC, mas apenas 5% têm cargos de CEO. Apesar disso, para cada três crianças, uma menina quer estudar entre as carreiras.

No mundo, a representação das mulheres em cargos de liderança é:

  • Tecnologia – 24%
  • Agricultura – 23%
  • Supply chain – 21%
  • Energia – 20%
  • Manufatura – 19%
  • Infraestrutura – 16%

Por outro lado, existem diversas oportunidades na igualdade de gênero. Segundo a IDC, os principais benefícios da mulher na tecnologia são: mais criatividade, inovação e desempenho financeiro devido a uma equipe de trabalho mais heterogênea; melhor atração e retenção de talento; melhor para a imagem da empresa.

Leia mais: Mulheres são apenas 25% nos quadros societários de empresas de TI no Brasil

“32% dos empregados da geração Z creem que as empresas deveriam ter uma relação melhor com a sociedade. Por exemplo, reduzindo a desigualdade ou tolerando iniciativas de diversidade. Dado que praticamente 75% da força laboral será Millenium em 2025, os empregadores deveriam entender a importância da diversidade”, complementa Natalia.

Para o futuro, o IDC acredita que novas reflexões devem existir para mudar esse curso:

Crianças e adolescentes

Devido a estereótipos, o efeito Matilda  e a falta de modelos a seguir, as meninas se veem desincentivadas a eleger carreiras de tecnologia.

Ingressando ao ambiente de trabalho

Uma vez capacitadas, as mulheres jovens enfrentam diversas barreiras de entrada: preconceitos nos métodos de seleção, estereótipos, discriminação, entre outros.

Permanecendo em um emprego

A Síndrome da Abelha Rainha pode originar micro agressões entre as mulheres de uma mesma equipe de trabalho e podem enfrentar espaços discriminatórios para avançar na carreira.

Em cargos diretivos e de liderança

Dado o preconceito, a falta de reconhecimento e outros obstáculos sobre o desempenho da mulher, perpetuando o ciclo da vida profissional com a problemática do gênero.

Outras visões sobre gêneros

Delia Lazarte, gerente de estratégia de negócios da Entel, comenta que esse é um tema muito discutido nas empresas e que já teve avanços. “Algo relevante que tem se discutido é o programa de balanço de gênero. Essa discussão tem que acontecer entre os líderes, RH e outras áreas para que tomem ações para que as mulheres tenham uma cultura de valorização do trabalho e respeito.”

A mulher hoje se sente mais empoderada e parte disso é ajudado pelos programas de inclusão que chegaram na indústria, de acordo com María Puig, gerente de marketing da Kyocera. “Esse movimento de grupos de diversidade, abriu a luz para entender que é necessária essa diversidade. Mas ainda temos um caminho para cruzar. Eu ainda me vejo em salas de reuniões com 60 homens e eu sou a única mulher. Mas fizemos uma mudança positiva e estamos no caminho correto.”

Por fim, Lorena Torres, diretora de comunicação e marketing da Capgemini, foca também na importância de olhar para as meninas que ainda estão em formação – e muito além dos centros urbanos. “Tem lugares sem internet, sem computadores, sem infraestrutura e com muitas meninas que podem ser talentos para a área.”

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