Diretor da OMS pede cooperação dos países para tratado que visa evitar pandemias como a da Covid-19

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, pediu nesta segunda-feira, 22, durante a reunião anual da entidade, a cooperação dos Estados-membros para participar das negociações em curso para elaborar um tratado contra pandemias para evitar que se repitam os efeitos causados ​​pela Covid-19. “Peço a cada Estado que se envolva de forma construtiva e urgente nas negociações do acordo contra as pandemias para que o mundo nunca mais tenha que enfrentar a devastação de uma pandemia como a da covid”, destacou Tedros no segundo dia da assembleia. “Deve ser um compromisso geracional de que não repetiremos o pânico e a negligência que tornaram este mundo tão vulnerável”, recomendou o chefe da OMS desde 2017, que também aproveitou a reunião para fazer um balanço dos últimos 12 meses de trabalho da OMS em 2022, marcados pela declaração, há apenas duas semanas, do fim da emergência internacional devido à covid-19, depois de esta ter causado cerca de 20 milhões de mortes, de acordo com os últimos cálculos da organização. Foi um momento de alívio mas também de reflexão”, declarou o diretor-geral da OMS, que destacou que o mundo “continua a sentir dor pelas muitas perdas e pelo terrível preço pago pelas famílias, comunidades, sociedades e economias” e que continuamos diante do perigo de um novo patógeno com letalidade ainda maior, o que faz ser necessário construir sistemas de defesa para futuras pandemias, o que incluiria o tratado que a OMS espera finalizar em 2024.

Além da luta contra a Covid e a Mpox (cuja emergência internacional também terminou em maio), a entidade respondeu a 70 crises de saúde em 2022, “desde as inundações no Paquistão ao ebola no Uganda, a guerra na Ucrânia e os surtos de cólera em cerca de 30 países”, lembrou Tedros. A OMS financiou essas operações com um fundo especial de emergência criado em 2014 (em consequência do surto de ebola que foi declarado na África Ocidental naquele ano) e para o qual destinou quase US$ 90 milhões em 2022. Em 2023, com crises como a do Sudão e os terremotos na Turquia e na Síria, outros US$ 37 milhões já foram usados. Tedros também frisou que, apesar do fim das emergências internacionais pela covid-19 e pela mpox, ainda se mantém aquela declarada pela OMS desde 2014 para a poliomielite, com surtos especialmente graves em países como Paquistão e Afeganistão. O chefe da OMS citou outras frentes de luta da entidade, como a vacinação contra múltiplas doenças, depois que cerca de 67 milhões de crianças em todo o mundo perderam o acesso a importantes campanhas de imunização durante a pandemia. Uma situação que a OMS quer amenizar com uma nova campanha lançada recentemente a fim de aumentar os níveis de vacinação infantil para pelo menos devolvê-los aos níveis pré-pandêmicos. No combate à tuberculose, a OMS recomendou no ano passado o primeiro tratamento exclusivamente oral, que reduz o prazo de aplicação de 18 para 6 meses, e que já foi adotado em mais de cem países. “Agora que celebramos o 75º aniversário da OMS, devemos empenhar-nos ainda mais na promoção da saúde, tornando o mundo mais seguro e a serviço dos mais vulneráveis”, resumiu o diretor-geral no final da sua mensagem.

*Com informações da EFE