Doria diz que Haddad surpreende, mas ‘sofre tiroteio’ no PT por levantar a ‘bandeira do diálogo’

O ex-governador João Doria foi o convidado do programa Morning Show desta quarta-feira, 14. Em entrevista, ele deu suas impressões sobre a gestão de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda e sua relação com o Banco Central. “O Campos Neto cumpre, sim, seu papel em independência. Ele é capacitado, técnico e tem conhecimento, tem diálogo. São fatores positivos que observo na personalidade dele e na conduta. Vejo também um trabalho de diálogo que julgo bom no Fernando Haddad, surpreendendo pessoas que imaginavam que ele não fosse ser dedicado ao diálogo. Acho até que ele está sofrendo no próprio PT consequências dessa postura de diálogo. Sofre tiroteios e críticas do próprio partido por estar com a bandeira do diálogo”, argumentou. “Ele [Haddad] tem vindo muito a São Paulo, quase metade do setor produtivo está em São Paulo. Indústria, comércio e mercado financeiro estão em São Paulo. Ele tem sabido ouvir e interpretar bem os anseios do mercado, é uma visão equilibrada. O diálogo dele com o presidente do BC é bom, nunca houve uma agressão. É um diálogo constante, entendo que BC não é um tema do presidente da República, é para o ministro da Fazenda. O Fernando Haddad tem conhecimento e, neste momento, tem apoio do mercado do setor produtivo”, acrescentou.

Doria ainda falou sobre a recepção de Luiz Inácio Lula da Silva ao governo da Venezuela. Para ele, Brasília não deveria receber chefes de Estado como Nicolás Maduro, e a visita traz um mau exemplo para o Brasil. “Estou como espectador da política, a situação é confusa, o que não é bom. Estamos mantendo o clima eleitoral pós-eleitoral, o que não é saudável. Não importa se votou ou não votou, o que importa é o país. O país precisa ser bem gerido, gerando oportunidades, atraindo investimentos internacionais. Um dos fatores que gera confusões é o Brasil receber um ditador como Maduro, colocá-lo na rampa do Planalto e recebê-lo com homenagem”, pontuou. “Não quero fazer juízo do governo Lula, mas eu, pessoalmente, sou contra qualquer ditadura, de esquerda ou de direita. Acho que os países democráticos não devem recepcionar uma figura como essa, é um mau exemplo. Prefiro recepcionar um intelectual, um democrata, um atleta, pessoas que são realmente representativas no Brasil e no exterior na defesa da liberdade, da honestidade e da democracia. Maduro não é exemplo para nada.”

Em São Paulo, o ex-governador afirma que seu sucessor no cargo, Tarcísio de Freitas, tem feito um bom trabalho. Ele comparou a gestão do político do Republicanos à sua e exaltou os projetos paulistas de privatização. “É um bom governador, tem sido sensato, apostando no diálogo. Adotou uma boa equipe, com visão liberal, e está mantendo o que vínhamos fazendo, PPPs, privatizações. Está num bom caminho, é um desses nomes ao lado do Helder Barbalho, Ratinho Júnior, Romeu Zema e o próprio Eduardo Leite. O Tarcísio é jovem, isso traz um horizonte bom [para a política]. O pior seria se não tivesse ninguém, só pessoas ruins ou extremistas. Acho que temos um bom horizonte pela frente”, disse.

“Eu não tenho traumas em relação à política, exercido pela sociedade civil, do outro lado do balcão, e respeito a política. Não há possibilidade de ter democracia no Brasil sem políticos, você pode gostar ou não. Há bons e maus por toda parte, na vida política, na vida privada e no jornalismo. Eu prefiro ficar na área dos bons”, concluiu.

Confira na íntegra a entrevista com o ex-governador João Doria