Economista analisa lançamento do novo PAC: ‘Trazer investimento para a linha de frente do governo’

Para analisar o lançamento do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o consultor econômico especializado em finanças públicas, Raul Velloso. Para o economista, não há grandes diferenças entre programa anunciado pelo governo e suas versões anteriores: “Acho que vai ser mais ou menos o mesmo tipo de coisa, não tem muita diferença. Vejo a angústia e o estresse que o governo tem por não poder estar anunciando investimentos. Como o governo mal começa e não conseguia anunciar nada? Então, estou vendo esse movimento na direção de tentar trazer investimento para a linha de frente do governo”. Levando em conta apenas os recursos do Governo Federal, a expectativa é de que sejam gastos R$ 240 bilhões em quatro anos. Valor pode chegar a cerca de R$ 1 trilhão em investimentos, ao considerar-se os aportes privados, já que o governo também quer investir em concessões e parcerias público-privadas (PPPs).

Segundo Velloso a real dificuldade do no novo PAC é resolver as razões pelas quais o investimento público tem decaído nos últimos anos: “O investimento desabou muito desde os anos 80, o investimento público. Estou falando, obviamente, de infraestrutura. Enquanto o investimento privado ficou estagnado, porque ele depende muito do público, o público desabou nove vezes enquanto medido em porcentagem do PIB”. Para o especialista, é importante que o governo crie condições para que a iniciativa privada também ocupe este espaço: “Não tem como a gente imaginar não ter o setor púbico e, principalmente, não ter o investimento público. Porque tem a questão da rentabilidade, que pode não ser suficiente para atrair o investimento privado. O simples fato de que o investimento público está desabando desde os anos 80, como está desabando, o privado ficou paradinho no tempo. Existe uma complementariedade”.

“Tem que ter o público, porque o privado não consegue entrar em todos os segmentos, por não haver rentabilidade suficiente para atraí-lo. Não nos esqueçamos que outro indício da dificuldade é a elevada taxa de juros que vigora por aqui e desestimula ainda mais o investidor privado. A taxa de juros age como uma espécie de freio que desaba em cima do investidor privado”, explicou Velloso.

A primeira prioridade do novo PAC é retomar as obras que estavam paralisadas. Ainda hoje, há 5.344 obras herdadas dos PACs 1 e 2 sem conclusão. Destas, 2.688 estão paradas. Segundo o economista, a falta de planejamento neste tipo de investimento é histórica no Brasil: “Aqui nós sentimos a necessidade de anunciar que vamos fazer isso ou aquilo e não dizemos como vamos viabilizar. Temos que ter mais responsabilidade no encaminhamento desses assuntos. Não podemos deixar de lado o diagnóstico e depois a implementação do que precisa ser feito”. Confira a análise completa no vídeo abaixo.