Com Einstein GPT, Salesforce ingressa ‘no ritmo certo’ na IA generativa

O Einstein GPT, versão da ferramenta de inteligência artificial da Salesforce com capacidades de IA generativa, foi apresentado oficialmente ao pública brasileiro nessa quarta (17), durante a versão brasileira do Salesforce World Tour, em São Paulo, capital. A ferramenta foi anunciada globalmente em março, mas deve ganhar tração nas ofertas da companhia por aqui nos próximos meses, após um período de teste global sendo conduzido no momento.

Em uma próxima fase, ainda sem data definida, a ferramenta será disponibilizada em beta para uma amostra maior de clientes da plataforma, para só então ganhar um lançamento oficial. Por enquanto há uma série de projetos piloto em condução por parte de clientes voluntários selecionados, inclusive de recomendação de respostas para times de atendimento.

O Einstein GPT é integrável ao modelo da OpenAI, mas também funciona com outras linguagens de IA generativa. A escolha é do cliente, reitera a empresa.

“Nossa previsão é que tenha o go live de algumas funcionalidades na nossa versão de winter (inverno no hemisfério norte, que começa em dezembro). São 3 versões por ano: Spring [primavera], Summer [verão] e Winter. A preocupação é ter algo seguro, ético”, explicou ao IT Forum o vice-presidente de marketing da Salesforce para a América Latina, Daniel Hoe.

Leia também: Salesforce vai comprar energia limpa no Brasil

No momento, segundo os executivos da empresa presentes ao evento, há uma grande preocupação em tornar a ferramenta segura e confiável.

Segundo Gabriel Dornella, diretor de engenharia de soluções da empresa, o Einstein GPT é o novo ápice de uma jornada da Salesforce com a inteligência artificial, inaugurada em 2013, quando a empresa começou a criar modelos de IA para “deixar o CRM mais inteligente”. O Einstein, assistente preditivo, foi lançado em 2016 com foco em produtividade.

“Não tem uma reunião que a gente faça hoje em dia em que não se fale de IA”, ponderou Dornella. “E se a gente juntar esse mundo de previsões com a IA generativa?”

Segundo ele, o Einstein já é usado por dezenas de milhares de empresas no mundo, e gera 215 bilhões de previsões por dia em mais de 60 aplicações para diversas áreas, incluindo vendas e marketing, pelas quais as ferramentas da Salesforce são principalmente conhecidas, mas também com capacidade de escrever códigos.

Com a evolução do Einstein para o GPT, a plataforma passa a também oferecer sugestões de textos para serem usados nos fluxos do qual o CRM faz parte. A plataforma é “treinada” para cada empresa e setor usando dados e políticas específicas. Pode, por exemplo, sugerir textos para profissionais de atendimento ou vendas, além de dar insights sobre melhores horários para mandar uma mensagem por WhatsApp, por exemplo.

Pode ainda dar respostas para os clientes em processos de atendimento, ou escrever e-mails. Ou, no caso dos devs, “programar junto”, seguindo princípios de governança estabelecido pelas áreas de TI.

Lacuna de confiabilidade

Segundo Daniel Hoe, talvez a grande lacuna atual dos modelos de IA generativa seja justamente a confiabilidade das informações fornecidas. E que o Einstein GPT tenta evitar essa armadilha se valendo somente dos dados o CRM, e assim evitando as chamadas “alucinações” – quando a IA inventa informações.

“Se sou um executivo de vendas e eu falo para o Einstein GTP que recebi determinada conta, ele vai consultar o Salesforce e depois a internet. As informações trazidas sempre terão indicarão a fonte, o que é bem legal porque se tem uma confiança maior de onde veio”, explicou Hoe ao IT Forum.

Leia ainda: Salesforce aprofunda integração entre Slack e Sales Cloud

Segundo Dornella, os dados usados deverão ficar sempre restrito às empresas que os detém, ou seja, não podem ser compartilhados, inclusive para fins de aprendizado de máquina. A única linguagem comum é o próprio modelo. “Tudo que ele [o Einstein GPT] faz, ele dá para um ser humano avaliar”, reitera o diretor de engenharia.

Ele diz que o GPT é uma grande oportunidade de negócios, e que justamente por isso é uma prioridade dos times de desenvolvimento e ciências de dados. Daniel Hoe reitera que há inclusive ansiedade por parte dos clientes sobre a ferramenta, mas que a empresa escolheu fazer o lançamento “no ritmo certo”.

“Estamos acompanhando a inovação, mas não queremos atropelar. Queremos uma IA confiável, que respeite valores e o que cada cliente quer proteger”, explica.