Setor brasileiro de eletroeletrônicos ensaia retomada, mas pede queda do juros

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O setor brasileiro de fabricantes de eletroeletrônicos está otimista com uma possível retomada de seus negócios. Após 18 longos meses de quedas consecutivas nas vendas para o varejo, o segmento registrou um crescimento de 13% no primeiro trimestre deste ano, quando comparado ao mesmo período do ano passado. No total, 44,02 milhões de unidades foram vendidas nos primeiros seis meses do ano, ante 39,07 milhões no ano anterior.

Os dados são da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletrônicos (Eletros), entidade que representa 33 empresas e 97% da produção nacional do setor de eletroeletrônicos. O levantamento foi apresentado nesta segunda-feira (10) durante a abertura do Eletrolar Show, principal evento do segmento de eletroeletrônicos do país, que acontece nesta semana, em São Paulo.

Apesar do bom sinal, Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros, pontuou que, apesar do crescimento, ainda não é possível falar em uma retomada da economia. “É muito prematuro para dizer. Talvez possa ser uma recuperação de estoque do varejo”, pontuou, explicando que os dados são relativos às vendas dos fabricantes para varejistas, não do varejo para consumidores finais. “Mas a gente quer acreditar que esse é o termômetro da melhora.”

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O segundo semestre, no entanto, costuma ser o de melhores resultados para o segmento – com a apresentação de novos produtos e eventos de compras como a Black Friday. Se a média histórica de desempenho do segmento se manter no período, explicou Nascimento, é possível prever um crescimento entre 4% e 6% do setor neste ano em relação ao resultado de 2022.

No entanto, vale ressaltar: os resultados do setor só agora começam a retomar números registrados há uma década, e estão distantes dos bons resultados do período pré-pandêmico. Em 2019, por exemplo, 47,13 milhões de unidades foram comercializadas pelo setor de varejo. “Em algumas linhas de vendas, como a de televisores, por exemplo, o volume ficou semelhante ao registrado em 2017”, disse o presidente da Eletros.

O segmento de fabricantes de eletroeletrônicos é um dos primeiros a sentir as variações do mercado brasileiro – uma vez que a demanda de varejistas por produtos aumenta ou cai rapidamente conforme consumidores vão às compras ou decidem poupar. Com isso, pontuou Nascimento, o cenário macroeconômico é determinante para o setor.

Setor pede queda dos juros

Para a Eletros, o ano de 2023 começou com bons sinais econômicos. A valorização do real frente ao dólar, a estabilidade da inflação, dos custos e dos fretes, são alguns deles. Mas um elemento específico ainda preocupa a indústria: a alta taxa de juros do Brasil.

Fixada atualmente em 13,75% pelo Banco Central, a taxa básica de juros do país tem prejudicado as vendas de eletroeletrônicos de maior valor – em especial da chamada ‘linha branca’, dos refrigeradores, fogões e máquinas de lavar, que só cresceu 4% no período – e impedido a retomada desejada após o longo período de retração da pandemia.

“É imperioso e urgente que a gente tenha um percentual referencial de juros menor. Nossos produtos de maior valor, o consumidor compra de forma parcelada, e a parcela vai estar muito alta. A alta dos juros retrai o consumo. A gente precisa fazer esse enfrentamento imediato”, disse Nascimento. “No horizonte de um ano, se a gente chegar em 8%, 7% ou 6%, seria razoável.”

Ainda sobre questões governamentais, o setor vê com bons olhos o avanço da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados e diz agora aguardar a votação do tema do Senado. Entre as definições que são aguardadas pelo setor estão a do IVA nacional e do fim dos benefícios fiscais em Estados da federação.

Com participantes presentes em 11 estados brasileiros, a associação busca que a reforma preserve algumas políticas de incentivos fiscais para unidades federativas que estão geograficamente distantes de grandes centros de consumo, preservando suas competitividades em escala nacional.

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