Elon Musk vai a julgamento nos EUA por dois tuítes envolvendo a Tesla; entenda o caso


Em 2018, bilionário disse no Twitter que considerava tirar a montadora de carros elétricos da bolsa de valores e isso impactou valor das ações. Acionistas alegam que foram prejudicados por comentários que não se concretizaram. Elon Musk Tesla
Reuters
O bilionário Elon Musk está no centro de uma batalha judicial sobre o efeito que tuítes publicados por ele tiveram no preço de ações da Tesla, sua montadora de carros elétricos. O julgamento, que começou na terça-feira (17), deve se estender até o início de fevereiro.
A Justiça dos EUA analisa uma ação coletiva em que investidores alegam que foram prejudicados por postagens em que Musk diz ter interesse de recomprar ações da empresa acima do valor de mercado. Relembre o caso:
7 de agosto de 2018, às 13h48: Musk tuitou: “Estou considerando fechar o capital da Tesla por US$ 420. Financiamento garantido”.
7 de agosto de 2018, às 15h08: a bolsa de valores americana suspende a negociação de ações da Tesla, que operavam com alta de 7%;
7 de agosto de 2018, às 16h36: em outro tuíte, o bilionário compartilha um comunicado oficial da Tesla e diz: “O apoio ao investidor está confirmado. A única razão pela qual isso não está certo é que depende do voto dos acionistas”;
7 de agosto de 2018, às 16h45: as ações da Tesla voltam a ser negociadas e fecham em alta de 10,99%, chegando a serem vendidos a US$ 379,57;
24 de agosto de 2018, às 12h15: Musk confirma que a empresa continuaria na bolsa de valores, após quedas diárias no valor das ações;
29 de agosto de 2018: Musk é forçado a deixar a presidência do conselho da Tesla – ele continuou como presidente-executivo – e a pagar multa de US$ 20 bilhões em acordo com o SEC, órgão americano que regula a bolsa de valores e que o acusava de ter induzido investidores ao erro;
15 de abril de 2020: o juiz federal Edward Chen junta em uma ação coletiva nove processos contra a Tesla que tinham sido abertos por acionistas da empresa entre agosto e setembro de 2018;
17 de janeiro de 2023: é aberto o julgamento que vai avaliar se os comentários de Musk influenciaram o preço da Tesla e se o empresário estava ciente das consequências.
O que pedem os investidores da Tesla?
A ação pede uma reparação financeira pelo prejuízo causado para quem comprou ações da Tesla nos 10 dias após os tuítes de Musk. Nesse intervalo, o valor da montadora atingiu um pico e, em seguida, caiu US$ 14 bilhões, segundo a AP.
Os acionistas alegam que o movimento não seria tão brusco se Musk não tivesse revelado planos que não se concretizaram. Em abril de 2022, o juiz Edward Chen disse que o bilionário foi imprudente e sabia que as declarações eram falsas.
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Em 7 de agosto de 2018, Musk disse que estava considerando tirar a Tesla da bolsa de valores e recomprar as ações por um valor bem acima do que elas eram negociadas
Reprodução/Twitter
O que diz a defesa de Musk?
Os advogados de Musk dizem que os tuítes não foram mal-intencionados e que o bilionário chegou a ter reuniões com representantes do fundo soberano da Arábia Saudita, que financiaria a recompra de ações. Eles alegam que o negócio não foi confirmado porque os sauditas perderam o interesse.
Em sua investigação, a SEC concluiu que Musk realmente teve reuniões com o fundo saudita, mas entendeu que o empresário não discutiu uma transação para tirar a Tesla da bolsa de valores com qualquer potencial financiador.
Elon Musk
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Como será o processo?
Os argumentos de ambas as partes serão ouvidos por um júri de nove pessoas. As alegações iniciais foram apresentadas na quarta (18) e a expectativa, segundo a Associated Press, é que o julgamento aconteça até 1º de fevereiro, em uma corte federal em São Francisco.
Musk defendeu que o caso fosse transferido para o Texas, onde fica a sede da Tesla, para evitar uma visão negativa dos jurados de São Francisco que supostamente seria causada por sua compra do Twitter, mas o pedido foi negado.