‘Por que você faz o que você faz?’, Emicida provoca no RD Summit
Estrela do último keynote do primeiro dia do RD Summit, o rapper Emicida provocou o público com a pergunta: por que você faz o que você faz?. “Não é como, onde ou quando. Essas são as partes que são fáceis. A parte difícil é por que?”, disse ele. Em uma palestra de quase uma hora, o artista costurou sua história de vida com questionamentos sobre propósito.
“Eu ouvi que eu seria bandido. Ouvi de parentes que eles não me visitariam na cadeia. Eles chegaram a botar fogo nos meus equipamentos e, ainda assim, eu não parei. E não tem forma melhor de fazer o mundo calar a boca, do que ser reconhecido. Mas, mais do que isso, eu e meu time conseguimos mudar em parte o que a cultura do hip hop significa”, afirma Emicida.
E, para isso, é preciso ter foco. Entretanto, “não serão poucas às vezes na vida que a coisa mais importante e humana que você vai poder fazer por você mesmo, é se distrair”, frisa Emicida. Outro ponto que ele conta foi quando começou a fazer sucesso e acreditava que ganharia prêmios, mas voltou para casa apenas com a frustração.
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“É errado ter ambição? Não. O problema é a ganância. Porque o ambicioso quer mais, o ganancioso quer tudo. Se a gente quiser salvar o planeta, a gente precisa ter uma educação que não ensina a ter mais, muito menos querer tudo, mas se contentar com o suficiente”, salienta.
Para Emicida, humildade é um adereço que cai bem em qualquer pessoa e em qualquer circunstância. “Todos os dias eu me perguntava: por que eu faço o que eu faço? É para ser melhor do que os outros? Não, para eu ser melhor do que eu fui ontem. Todo aquele que não se supera fica preso no ontem. É uma lagarta que não vai virar borboleta. Ou pior, uma borboleta que esqueceu que já foi lagarta.”
Por fim, Emicida falou sobre como a sua relação com o trabalho mudou nos últimos anos. Antes, tinha orgulho de dizer que era workaholic. “Eu era orgulhosíssimo de não ter tempo para nada”. Mas, 20 anos depois e três salas de cirurgia depois, “eu me pergunto se aquela vaidade que me levou até a lua, veio camuflando um monte de ponto cego.”
A autocrítica não é em vão. Ele compartilha com o público o momento em que sua filha teve uma crise de ansiedade e não ligou para ele pois não queria atrapalhar. E quando não chegou a tempo no enterro de um grande amigo ou quando a sua esposa não queria atrapalhar uma gravação, mesmo que fosse por uma emergência médica.
“De importante, em importante, em importante, eu me desconectei completamente do que realmente importava para mim. Na pandemia eu tive duas coisas que eu nunca tinha tido: um grammy, mas eu não pude comemorar porque estava em isolamento, e uma rotina familiar. Por incrível que pareça, era algo que eu nunca tinha tido. Fazer café, almoço, janta, dar banho, ajudar na tarefa, limpar o quintal, dormir vendo filme besta, etc”, comenta Emicida.
E ele complementa: “eu vim aqui hoje para você tomar cuidado com o canto da sereia. É importante você não se levar tão a sério, você rir de você mesmo e não perder o contato com quem te trouxe até aqui. E eu te garanto que o que te trouxe até aqui não foi o dinheiro na sua conta bancária.”
E termina sua palestra em meio a palmas. “Seja bom no seu trabalho, mas seja ótimo com quem você ama. A vida é uma só. Corrija a sua rotina por completo antes de você esquecer quais são os seus porquês mais valiosos.”
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