Entenda a importância da integridade como compromisso pessoal e social

Ultimamente, você parou para avaliar quão firme está a sua integridade? Nesses tempos voláteis, em que uma novidade atropela a outra e a vitrine digital incita o pecado da comparação, esse questionamento tem seu valor. E como tem. Nós, da Vida Simples, acreditamos que ele pode calibrar o pensar, o sentir, o falar e o agir, ajudando cada um a regressar às suas bases e se aprumar.

Aliás, você tem a dimensão da sua inteireza? Sim, porque a palavra integridade vem de integer, do latim, que significa inteiro, completo, pleno. Em termos práticos, ela se manifesta toda vez em que buscamos ser congruentes com princípios que para nós são inegociáveis, tais como honestidade, compaixão, respeito, verdade e assim por diante. Essa soma revela quem somos, no que acreditamos e onde nos alicerçamos para existir.

“Cresci em uma família humilde e muito sábia. Meus pais ensinaram a mim e às minhas duas irmãs sobre valores, respeito ao outro, cuidado com o que não é seu, a dignidade de um trabalho duro e honesto. Eu não poderia ser diferente, pois a integridade está na essência da minha criação”, conta Luciana Pianaro, CEO e Publisher da Vida Simples.

Construindo nossa própria integridade

Por trás da integridade de cada um existe um vasto arquivo de histórias e vivências acumuladas desde a infância. Quando crianças, somos exímios observadores porque aprendemos por imitação. Disso depende nossa sobrevivência. E, conforme crescemos, vamos construindo uma consciência crítica comparando as ações dos adultos. Com base nesse material, questionamos a origem dessas condutas, percebemos como elas ressoam em nós e passamos a elaborar nossas próprias respostas.

“Os valores morais que recebemos são passados nessas relações por pessoas que terão papéis importantes ou não na nossa vida, que terão nossa admiração ou nossa repulsa. A consciência nos ajuda a entender e a organizar essa complexidade dentro de nós, a buscar respostas melhores, a conduzir nossas ações. Tudo isso compõe nossa integridade”, afirma a psicoterapeuta Jussara M. Reis.

Para si e para o mundo

A professora de filosofia Gleyce Borges Chaves explica que uma pessoa é íntegra na medida em que age conforme valores morais escolhidos ou criados por ela mesma para compor seu ideal de sujeito, ou seja, para corresponder à maneira como ela se vê e quer ser vista pelos outros. “É no âmbito social que somos reconhecidos como íntegros ou não, pois são os outros que verificam a nossa integridade na realidade”, ela esclarece.

Quem preza por sua integridade certamente está prestando um duplo serviço: a si próprio e ao coletivo. “Ela é um compromisso que assumimos conosco, porque nutrimos o desejo de agir de maneira correta, conforme nossos valores, mas também é um compromisso que assumimos com o outro, porque agindo dessa forma nossas relações se tornam melhores”, sublinha Gleyce.

Desafios de manter-se fiel aos próprios valores

Quantos de nós estão ativamente buscando a integridade ou apenas se deixando levar pelas circunstâncias? Luiz Fernando Lucas, advogado, palestrante e escritor, autor de A Era da Integridade (Gente), reconhece que pode ser desafiador protegê-la de abalos ou mesmo de grandes rachaduras. Afinal, preservar a inteireza no mundo ocidental, polarizado e extremista em tantos aspectos, requer muita reflexão crítica e força interior.

“As pessoas estão se sentindo à parte, sem se perceber pertencentes ao todo. Por outro lado, esperar uma solução externa, vinda de um salvador, ou se colocar em posição de vítima é um grande desafio, uma vez que terceiriza a responsabilidade individual de se tornar uma pessoa íntegra”, avalia.

Estar inteiro também significa viver a própria vida sem se deixar levar por valores que não são os nossos ou se dividir em face das dificuldades, perdendo o elo com o presente. Isso pode acontecer quando as tristezas do passado ou a ansiedade em relação ao futuro nos rouba a possibilidade de moldar nossa vida agora. Da maneira mais consistente possível.

A forja da integridade

Você já deve ter concluído que o estado de inteireza é exigente. É mesmo. Não cola justificar nossos tropeços e escorregões como se eles fossem respostas às condutas alheias. A prova maior se revela justamente na forma como agimos e reagimos, independentemente do outro, das condições ou das circunstâncias.

“Por definição, uma pessoa íntegra é aquela que tem uma conduta moral correta, ética, que não engana, que é fiel aos seus valores e que nos passa exatamente essa informação nas suas ações. No entanto, nem toda pessoa com uma conduta moral boa passa por processos tranquilos. Em geral, eles envolvem vivências, aprendizados, conflitos, elaborações, escolhas, até esse alguém ser íntegro”, lista Jussara.

Equipe de uma empresa comemorando
A busca por integridade deve ser uma jornada constante (Imagem: fizkes | Shutterstock)

Valores inegociáveis

Numa empresa não é diferente. Como todo sistema que almeja prosperar com ética e congruência, ela também se desafia a honrar seus valores e princípios diariamente, ainda que ajustes sejam necessários de tempos em tempos.

“Isso não quer dizer que a organização não vá falhar, afinal ela é feita por humanos. O importante é estar sempre em busca de seguir o caminho da integridade, reconhecendo erros, aprendendo com eles e fazendo o possível para corrigir os danos causados”, pondera Luciana.

Na Vida Simples, a integridade é um alicerce inquebrantável. Não poderia ser diferente, uma vez que temos por matéria-prima comportamentos, valores, atitudes, relacionamentos, desenvolvimento pessoal e comunitário.

“Tudo o que fazemos aqui precisa ter como base nossa missão e valores de forma inegociável. Uma empresa que cria conteúdos para fomentar um mundo melhor não pode internamente agir de outro modo. É o famoso ‘walk the talk’, a coerência entre o discurso e a prática”, frisa Luciana.

Jornada contínua em busca da integridade pessoal

Sempre vale o empenho na forja da integridade, o que implica enfrentar dúvidas e questionamentos em alguns trechos do caminho. Afinal, quem nunca se perguntou se valia a pena ser honesto quando tantos não o são?

“Como a vida não é linear, passamos por muitas vivências. As dúvidas surgem dentro de nós, sentimento de revolta, nos confrontamos, nos testamos inúmeras vezes em diversos contextos. É um processo de reflexão intenso. É assim que desenvolvemos consciência. Se a resposta se mantém após as tensões, então a integridade vai se fortalecendo cada vez mais em nós”, detalha Jussara.

O importante é manter essa construção viva por meio da vontade de ser cada dia mais íntegro. “Assim fazemos com que nossa vida seja mais leve, com menos arrependimentos”, incentiva Luiz Fernando Lucas. E a jornada é contínua…

Por Raphaella de Campos Mello – revista Vida Simples

É jornalista e sente sua integridade ganhar musculatura quando age e se comunica com transparência. Dessa maneira, além de se apaziguar consigo mesma, ela faz sua parte para que os vínculos possam amadurecer e evoluir.