Entenda o confronto entre a Rússia e o grupo paramilitar Wagner

A guerra entre Ucrânia e Rússia ganhou um novo desdobramento entre sexta-feira, 23, e sábado, 24, após um grupo paramilitar se rebelar contra o governo russo. O grupo em questão é o “Grupo Wagner”, que vem atuando ao lado das tropas russas desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Seus membros foram importantes para a conquistas de territórios importantes, como Bakhmut. No entanto, a relação ficou ruim após o líder do Wagner, Yevgueni Prigozhi, acusar o Ministério da Defesa da Rússia de atacar acampamentos do grupo, levando à morte de diversos integrantes da organização. Prigozhi prometeu retaliação e iniciou a rebelião contra o governo de Vladimir Putin, prometendo, inclusive, depor o comando militar do país.

O Grupo Wagner foi fundado em 2014, em meio à anexação da península da Crimeia pelas forças russas. Na ocasião, mercenários sem identificação nos uniformes ajudaram forças separatistas apoiadas pelo governo Putin a tomar o controle da região. Após o início da invasão à Ucrânia, o Kremlin usou os membros do grupo paramilitar para reforçar a linha de frente do avanço russo no território ucraniano. Com o tempo, conforme as forças ucranianas resistiam e conseguiam reverter os avanços da Rússia, os militares se tornaram importantes em batalhas mais complexas, como Bakhmut. O grupo é composto por milhares de mercenários. Originalmente, o grupo era formado majoritariamente por soldados de elite com treinamento avançado. Mas, com as perdas na guerra, prisioneiros, civis russos e estrangeiros foram recrutados para compor a força. O grupo, assim como seus comandantes, sofre sanções de Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.

Prigozhi afirmou que seus homens atravessaram a fronteira da Rússia neste sábado, 24, deixando o território ucraniano e indo em direção às grandes cidades russas. “Este não é um golpe militar. É uma marcha por justiça. Nossas ações não interferem de forma alguma nas tropas”, disse o líder do grupo. No momento, a organização afirma ter tomado o controle de uma base militar russa em Rostov, mobilizando tanques e rebeldes, mas garantindo que nenhum tiro foi disparado no processo de tomada do local. As autoridades locais recomendaram que os cidadãos fiquem em suas casas. Temendo ataques, as forças de segurança de Moscou reforçaram as defesas de prédios públicos. Segundo Dmitry Peskov, porta-voz da presidência russa, Vladimir Putin está trabalhando normalmente de seu escritório.

*Com informações da AFP