Estudantes fazem ato contra racismo no Shopping Pátio Higienópolis

Alunos de um colégio particular de São Paulo realizaram um protesto no começo da tarde desta quarta-feira (23), após adolescentes negros, de 11 e 12 anos, denunciarem uma abordagem racista feita na última semana por seguranças do Shopping Pátio Higienópolis, na região central da capital paulista. O caso é investigado pela Polícia Civil. Informações preliminares indicam que cerca de 120 pessoas participaram do ato, entre pais, amigos e estudantes do Colégio Equipe. A manifestação começou na porta da escola e terminou dentro do shopping. Nas redes sociais, a escola replicou postagens convocando manifestantes.
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Uma publicação compartilhada por Chef Cintia Sanchez/ Masterchef Profissionais 5 (@chefcintiasanchez)
O Shopping Pátio Higienópolis afirma que a manifestação ocorrida no interior do empreendimento “foi encerrada e ocorreu de forma pacífica”. “Reforçamos nosso compromisso com o respeito ao direito à livre expressão, dentro dos limites do regulamento do empreendimento”, afirmou.
Após acessar as dependências do shopping, os manifestantes penduraram alguns dos cartazes no vão central – ao menos uma loja chegou a fechar as portas. Eles teriam ficado dentro do empreendimento por cerca de uma hora, das 13h40 até por volta de 14h40.
O ato também contou com uma faixa contra a desocupação, pelo governo de São Paulo, da Favela do Moinho, considerada a última comunidade ainda de pé do centro de São Paulo.
Entenda o caso
O caso ocorreu na praça de alimentação do Shopping, no dia 17 de abril. Uma adolescente branca, estudante da mesma escola das vítimas, foi questionada pela segurança se uma garota e um garoto negros, que estavam perto dela, a estariam incomodando ou pedindo dinheiro. A Polícia Civil de São Paulo informou que o ocorrido seria apurado pelo 77.º Distrito Policial (Santa Cecília), “para as medidas cabíveis e esclarecimento dos fatos”.
Na ocasião, o Colégio Equipe manifestou “profundo repúdio”. “Além da abordagem injustificável, os jovens foram advertidos pelos funcionários do shopping com menções à proibição de ‘pedir esmolas no recinto’, numa clara demonstração de preconceito e discriminação racial”, afirmou o colégio.
“Lamentamos que, em pleno 2025, ainda sejamos obrigados a proteger nossas crianças e adolescentes de violências que decorrem do racismo estrutural. Um espaço em que jovens negros são constantemente vigiados, questionados ou tratados como ameaça não pode ser considerado seguro para ninguém”, acrescentou.
O shopping lamentou o caso e disse estar em contato com a família. “O comportamento adotado não reflete os valores do shopping e o tema está sendo tratado com máxima seriedade”, respondeu. Também destacou que tem uma “frequente grade de treinamentos e letramento”, a qual será reforçada para reiterar o “compromisso inegociável com a construção de um espaço verdadeiramente seguro e acolhedor para todas as pessoas”.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Nátaly Tenório