Uma votação subjetiva e injusta
A premiação da Bola de Ouro da France Football que aconteceu nesta segunda-feira (28) me fez de uma vez por todas abandonar qualquer traço de corporativismo que eu tinha ainda guardado dentro do meu lado jornalista. Alguns jornalistas não entendem NADA muitas vezes naquilo que ele está disposto a comentar. Além da possibilidade de não entender nada, em boa parte das vezes o jornalista é movido pelas vontades e paixões pessoais. O desafio todos os dias é tentar fazer uma análise imparcial. Mas o ponto é: não existe jornalismo ou jornalista imparcial, negar isso é loucura e agora, mais do que nunca, Vinicius Jr. sabe disso.
A eleição de Rodri como o melhor do mundo não é absurda pelo jogador que o espanhol é, mas sim por deixar Vini Jr. de lado e não premiar quem de fato jogou melhor. Ainda pior são os argumentos de alguns votantes. Achar melhor é subjetivo, opinativo e todos têm o direito de ter opiniões sortidas. Porém, o representante de El Salvador na votação, o jornalista Bruno Porzio escolheu Bellingham como melhor jogador do mundo. O problema não reside aí, e sim que Vinicius não aparece no Top 10 da lista de Porzio.
“Vinicius definitivamente não mostrou que tem fair play. Eu não votei nele porque para mim é um jogador que se reduz a um espaço limitado em campo. Não é central em sua equipe, é um jogador importante, mas, para mim, foi mais importante Bellingham. Poderia colocá-lo em 8º, 9º ou 10º, mas para isso é melhor não colocá-lo, não servia de nada a ele…”, declarou Porzio ao “El Gráfico”, jornal em que trabalha. Um detalhe é que Porzio acabou levando em consideração o fair play, coisa que NÃO É requisito para definir o melhor jogador. E o questionamento é: o que é ter fair play?
Talvez para Porzio seja melhor Vinícius se preocupar apenas com o futebol e não rebater as ofensas diárias, xingamentos racistas e bonecos dele pendurados por Madri pela torcida rival da cidade como se estivesse sendo enforcado. Para Porzio, deve ser achar tudo isso uma grande brincadeira, afinal é dessa forma que o salvadorenho enxerga tal votação. Ou pode ser pelo fato que mais um jogador do Real Madrid sairia com a vitória, e ele fã do Barcelona, rival dos merengues, ficaria chateado.
São diversos casos de má vontade com Vinicius Júnior, inclusive no Brasil. Mas Porzio colocou El Salvador de novo no mapa do futebol, fazendo com que seja lembrado não só por ser a seleção que sofreu a maior goleada da história das Copas para a Hungria, em 1982, por 10 a 1, mas agora também por ter o pior critério em uma votação mundial. E o Vini em tudo isso? Certamente voltará ainda maior.