Executivos defendem regulamentação para acelerar tokenização

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Discussões mais efetivas sobre a tokenização foram fortalecidas nos últimos meses. O modelo possibilitar criar representações digitais de todos os tipos de valores transacionados por meio de blockchain e contratos inteligentes de forma transparente, abrindo oportunidades para o mercado como um todo. Estimativas do Boston Consulting Group indicam que haverá um impacto de US$ 16 trilhões até o final do ano com a tokenização, democratizando o acesso global a investimentos.

O mercado financeiro está animado com a aceleração da iniciativa, mas alerta que é preciso também que a tokenização seja moldada e respaldada pela regulamentação. A luz amarela está sob o mercado por conta de possíveis fraudes e questões de segurança.

Em painel no Febraban Tech, evento de tecnologia para o setor financeiro que acontece nesta semana em São Paulo, Cristiano Valverde, head de Web3 da Foursys, que atua com serviços de consultoria de TI, destacou que a tokenização é caminho sem volta e é esteira para acelerar iniciativas de web3.

“Algumas características como barreiras geográficas caem. Além da democratização de investimentos, há maior acessibilidade do perfil de investidores para ativos que antes não poderiam ser tão facilmente acessados, de maneira fracionada. Do outro lado, há maior liquidez, porque tem novos entrantes. Com certeza, modelos de negócios vão surgir”, pontuou o executivo.

Ele observou que a tockenização permite a aceleração de algumas características da web3 como privacidade e anonimato, que podem criar iniciativas não bem-intencionadas, como lavagem de dinheiro. Por isso, é fundamental a criação de mecanismos para proteger o mercado, criando, assim, um oceano azul para que a tockenização deslanche. Ele destacou ainda que há desafios regulatórios, mas a economia global vai se beneficiar sobremaneira com a tockenização de ativos e a aceleração de regras é chave nesse contexto.

Fernando Granziera, head de Treasury & Trade Solutions do Citi Brasil, concordou e acrescentou que, de fato, o mundo ideal é contar com uma regulamentação para certificação, fazendo com o que o ativo tokenizado funcione como uma espécie de selo de segurança, garantindo a integridade do que está por trás. “O risco de crédito inerente de cada ativo vai continuar existindo, mas se todo o entorno do ativo estiver bem respaldado, todo o resto estará. Essa é a preocupação que o regulador precisa ter”, analisou.

Na percepção de Fabricio Tota, fellow e diretor de novos negócios no Mercado Bitcoin, a construção de uma regulamentação precisa envolver todo o ecossistema. Algo que, segundo ele, tem sido uma preocupação do Banco Central. “A construção que vem sendo feita pelo legislativo e uma figura reguladora está chamando os diversos atores desse mercado e a sociedade para proteger o consumidor e o ecossistema. A regulamentação eleva bastante o que já existe na criptoeconomia e vai trazer novos participantes”, opina.

Brasil como referência na tokenização

Ao observar benefícios da tokenização, Coty de Monteverde, head de Crypto e Blockchain do Santander, apontou que o banco observa que o modelo pode ser aplicado ao mercado para decentralizar a natureza da tecnologia, tornando o processo mais íntegro, barato e rápido, possibilitando a criação de produtos inovadores. Para ela, que fica baseada na Europa, a Suíça tem sido exemplo para o avanço do tema, por ser o país mais ‘eco friendy’ do mundo.

Granziera, o Citi, acredita que o Brasil tem potencial de ser referência mundial em tokenização, como já acontece com pagamento instantâneos. “A preocupação é caminhar em paralelo com o que está acontecendo no mundo. Em relação ao consumidor, o alerta é para que se evite lavagem de dinheiro e que se tenha proteção de dados”, lembrou ele, remetendo, mais uma vez, à regulamentação.

Já Totam do Mercado Bitcoin, observou que há hoje um sufocamento do mercado de cripto no Brasil, mas que o Mercado Bitcoin, empresa nacional, tem atuado nessa arena já há dez anos e tem avançado em conversas com o Banco Central para que sejam regulamentados e ainda para participar no consórcio no piloto do Real Digital, que já agrega mais de 40 empresas. “Nós temos espírito de startup e apetite de testar. Entendemos que tem discussão para regulação importante. Mas fazer também é importante nesse momento”, finalizou ele.