Como a exploração espacial pode avançar descobertas aqui na Terra?

À primeira vista, os avanços na exploração espacial podem parecer distantes do nosso dia a dia. No entanto, suas conquistas estão contribuindo com áreas que impactarão nossas vidas. Na análise do cientista da Computação e Professor universitário Fernando Buarque de Lima Neto, membro sênior do Instituto dos Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), o uso da Inteligência Artificial na exploração espacial, por exemplo, impulsiona a evolução de diferentes tecnologias na Terra.

Para o especialista, o New Space — campo que estuda e desenvolve sistemas e máquinas para realizar atividades humanas — é uma das áreas mais relevantes na atualidade. “É a grande fronteira da ciência e a Inteligência Artificial”, comenta.

Entre os avanços da nova era da exploração espacial esperados são a terraformação, que é a modificação da atmosfera, da temperatura, da topografia e ecologia de um planeta ou um satélite natural para deixá-lo em condições de sustentar um ecossistema com seres da Terra. Soma-se a isso o incremento de novos materiais e produção de complexos de propulsão.

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“A exploração espacial está promovendo um acentuado avanço na ciência, particularmente na pesquisa de novos materiais e processos. E a IA é utilizada em todas as cadeias. Sem ela é impossível seguir adiante. Por exemplo, a aplicação de um modelo bioquímico no espaço é totalmente diferente de ser feito na Terra. Isso abre caminho para a elaboração de novos medicamentos e tratamentos. Os desafios no espaço levam à resolução de problemas complexos, nos beneficiando”, afirma Buarque.

Na recente corrida espacial um dos principais objetivos é tornar realidade o conceito de terraformação. Buarque acredita que isso será concretizado, porém ainda há um longo caminho a percorrer. Para ele, investir em pesquisas para viagens a Marte traz mais vantagens do que retornar à Lua, porque os problemas são mais complexos nessa aventura e isso fomenta a ciência. Mas enfatiza que para ir cada vez mais distante fora da Terra é imprescindível haver uma maior colaboração entre governos e cientistas de diversos continentes.

Outra tecnologia emergente que será indispensável para viagens espaciais mais complexas é a computação quântica. Esses avanços levarão, projeta o especialista, à 5ª revolução industrial, que será de disrupção para a humanidade.

Buarque, entretanto, ressalta que os cientistas, em sua visão, não podem focar apenas em buscar a excelência em programas e projetos. “Temos que ser relevantes. Uma reflexão: não adianta ficar lançando constelação de satélites sem antes melhorar e disseminar. O primordial é melhorar o processamento, a computação dos dados, usando por exemplo modelos heurísticos, e compartilhar essas informações”, sublinha.

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