‘Faixa de Gaza sempre foi uma área de guerra, mas a vida era normal’, relata jovem de 18 anos repatriada

Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News, Shahed Al-banna, jovem de 18 anos que estava na Faixa de Gaza e foi repatriada pelo governo brasileiro, contou momentos de angústia que viveu na guerra entre Israel e Hamas até ser acolhida em terras brasileiras. A jovem contou que nasceu em Gaza e morou durante um tempo no Brasil. Seu retorno ao oriente médio se deu por conta da doença de sua mãe: “Ela teve câncer e começou a passar mal, aí a gente teve que voltar para a Faixa de Gaza para ela se despedir da família dela (…) Depois de um tempo ela faleceu por causa da doença e falta de remédios lá. Eu queria retornar para o Brasil, mas não consegui porque eu era menor de idade ainda. Eu estava esperando fazer 18 anos para vir para cá de novo”. Shahed completou a maioridade em setembro deste ano e, em Gaza, vivia com a avó e a irmã de 14 anos, que também foram repatriadas no último dia 13. “A Faixa de Gaza sempre foi uma área de guerra, sempre tem problemas lá, mas a vida era normal, o dia 7 de outubro era para ser um dia normal”, relatou.

“Eu estava começando a faculdade, me preparando para ir à faculdade de manhã e minha irmã se preparando para ir à escola. Do nada a gente ouviu um som de bombas caindo, a gente ficou com medo. Aí começou a guerra, no mesmo dia começaram a atacar e fazer bombardeios nos lugares”, contou Shahed sobre o início da guerra. Desde o início dos bombardeios, que inclusive atingiram a casa onde a jovem vivia com a família, ela manteve contato com a Embaixada Brasileira. Ela ficou abrigada em uma escola no início do conflito e depois seguiu para a cidade de Rafah, na fronteira com o Egito, onde ficou com brasileiros até conseguirem a repatriação. Shahed relata que viveu dias terríveis antes de ser repatriada e que parentes e amigos foram vitimados no conflito: “Perdi quatro primos por parte de mãe e três primos por parte de pai. Perdi também quatro amigas”.