FOMO no mercado de TI: o medo de ficar para trás na era digital
A expressão FOMO (Fear of Missing Out) — ou ‘medo de ficar de fora’ — ganhou popularidade nos últimos anos e transformou-se em um conceito amplamente discutido em mercados e na vida cotidiana. Originalmente cunhado pelo estrategista de marketing Dan Herman nos anos 2000, o termo foi aprofundado por pesquisadores de Harvard e Oxford, como Patrick McGinnis e Andrew Przybylski, que o definiram como “o desejo de estar permanentemente conectado com o que os outros estão fazendo”.
O impacto da cultura FOMO tem se intensificado dentro das empresas, especialmente no setor de tecnologia, que vem acompanhando o crescimento expressivo da integração de plataformas low-code com Inteligência Artificial (IA). Esse temor de ficar para trás leva muitas organizações a adotarem tecnologias sem um planejamento estratégico sólido. Como resultado, embora os investimentos altos sejam feitos em ferramentas de ponta, nem sempre o retorno sobre investimento (ROI) compensa. Para as lideranças, isso representa um risco real ao desenvolvimento dos negócios, onde a busca por inovação pode se tornar um entrave financeiro ao invés de um diferencial competitivo.
Leia também: Para CTO e CAIO global da Dell, agentes marcam a “segunda geração” dos sistemas de IA generativa
Segundo um estudo da Data-Makers com 110 CEOs e C-Levels de diferentes setores, 69% apontam a resistência cultural interna como um grande obstáculo à adoção de ferramentas como IA, enquanto 60% indicam que a falta de talentos qualificados desacelera o avanço tecnológico. Em outras palavras, de um lado vemos empresas presas na cultura do FOMO, investindo em novas tecnologias sem o planejamento adequado; do outro, o fator humano surge como uma barreira crítica que precisa ser vencida para que essas inovações realmente tragam valor aos negócios.
Para que as organizações realmente aproveitem os benefícios esperados com os investimentos em novas ferramentas, a mudança de mentalidade é crucial: enxergar as novas tecnologias como parceiras estratégicas da transformação digital, e não como ameaças. Esse ajuste de visão permitirá que o verdadeiro potencial da combinação entre IA e low-code seja liberado, proporcionando inovação mais rápida, eficiente e alinhada com os objetivos de crescimento.
Como superar a resistência à inovação?
Apesar do grande potencial de transformação que a IA e o low-code oferecem, muitas lideranças ainda hesitam em adotar essas tecnologias em larga escala. Essa resistência vem de uma combinação de fatores: falta de entendimento profundo dos benefícios, receio de que a inovação traga disrupções que afetem processos estabelecidos e, principalmente, o apego aos sistemas legados, o que limita consideravelmente o alcance de iniciativas de automação e inovação.
Para superar essa barreira, o primeiro passo é uma mudança de mindset: é essencial promover o entendimento real sobre IA e low-code, destacando suas vantagens práticas. Ao compreendê-las a fundo, as lideranças terão mais clareza sobre onde e como essas tecnologias se encaixam estrategicamente nos negócios. O segundo passo é o que chamamos de “voo do pato”: assim como um pato começa com voos curtos antes de se aventurar em distâncias maiores, as empresas devem implementar as soluções de forma gradual, começando pela otimização de processos menores e mais simples de monitorar.
Esse método incremental não só permite que as organizações ganhem confiança, mas também assegura experiências positivas com a tecnologia, preparando o terreno para inovações mais profundas. Assim, a adoção da IA e do low-code deixa de ser um salto no escuro e se transforma em um caminho sustentável rumo à inovação, criando um ambiente propício para a transformação digital e desbloqueando o potencial total dessas ferramentas revolucionárias.
Capacitação como pilar de transformação
Com o rápido avanço da tecnologia, muitas lideranças ainda hesitam em abraçar a mudança, enquanto os colaboradores enfrentam desafios significativos devido à falta de capacitação em tecnologias emergentes. IA e plataformas de low-code deixaram de ser apenas alternativas; hoje, são exigências para a evolução contínua das habilidades e competências das equipes. No entanto, a maioria das empresas ainda não investe estrategicamente em treinamentos, limitando o pleno aproveitamento dessas tecnologias, levando a perda oportunidades valiosas de inovação e competitividade.
Neste contexto, o conceito de FOMO se torna especialmente relevante. A pressão para não ficar para trás gera um ambiente de ansiedade, no qual profissionais se sentem despreparados para lidar com exigências do mercado. Essa situação prejudica tanto o desempenho individual quanto a moral da equipe, levando a uma queda de produtividade e criatividade. Por isso, é essencial que as organizações adotem uma abordagem proativa para preencher essa lacuna de habilidades, investindo em programas de treinamento que preparem suas equipes para o futuro.
As plataformas de low-code, projetadas para simplificar o desenvolvimento de software com pouca codificação, são fundamentais para acelerar a transformação digital, mas requerem uma base técnica sólida. Por isso, as lideranças devem priorizar treinamentos abrangentes que ajudem os colaboradores a dominar essas ferramentas. Isso inclui cursos práticos, workshops interativos e mentorias personalizadas que ajudem a fomentar uma mentalidade inovadora e criativa. Com uma força de trabalho bem treinada, as empresas podem automatizar processos e obter insights valiosos, além de potencializar áreas como marketing, RH, operações e desenvolvimento de produtos, resultando em um desempenho superior e maior agilidade no mercado.
Capacitar talentos é uma estratégia que vai além de fortalecer as habilidades técnicas; trata-se de reter profissionais qualificados que valorizam oportunidades de crescimento contínuo. Quando as empresas investem em seus colaboradores e reconhecem suas singularidades, criam um ambiente de pertencimento que estimula a lealdade e o engajamento. Em um cenário competitivo, onde a transformação digital é uma constante, o desenvolvimento contínuo da força de trabalho não é apenas um diferencial — é essencial para a sobrevivência organizacional. As organizações que abraçam essa realidade não só se destacam no mercado, mas também constroem equipes resilientes e preparadas para enfrentar os desafios do futuro.
À medida que nos aproximamos de 2025, as tendências para o setor de low-code integrado à inteligência artificial deixam claro que o sucesso das empresas dependerá da combinação entre adoção tecnológica e a capacitação contínua de suas equipes. Em um cenário marcado pela cultura do FOMO, onde o medo de ficar para trás pode levar a tomar decisões por impulso, é crucial que as empresas encontrem o equilíbrio entre a prudência e a inovação. Esse planejamento cuidadoso é a chave para uma transformação digital sustentável. Não tenha medo de voar alto, especialmente se você começar com a prudência do “voo do pato”.
Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!