Foragido há dois dias, russo condenado por desenho de filha é preso em Belarus

O russo Alexei Moskaliov, de 54 anos, condenado a dois anos de prisão devido ao desenho que filha que condena a guerra na Ucrânia, foi preso nesta quinta-feira, 30, em Belarus, informou uma porta-voz do ministro bielorrusso do Interior, segundo agências russas de notícias. Moskaliov foi colocado em prisão domiciliar em 1º de março depois de sua filha Maria, 13 anos, fazer um desenho na escola que criticava a ofensiva russa na Ucrânia. O desenho possuía mísseis vistos ao lado de uma bandeira russa, direcionados a uma mulher e uma criança ao lado de uma bandeira ucraniana. A diretora da escola comunicou à polícia, que detectou comentários nas redes sociais do pai da menina contra a operação em Moscou. Moskaliov foi preso e sua filha enviada para uma instituição juvenil, um “centro de reabilitação” onde não permitem que ela tenha contato com o pai. Pouco antes da Justiça russa condená-lo a dois anos de prisão por “desacreditar” o exército russo, o homem fugiu na terça-feira, 28, e seu paradeiro era desconhecido.

O caso provocou indignação na Rússia e se tornou um símbolo da repressão contra os que se opõem à operação militar. Os habitantes de Yefremov estão divididos. A cidade de 37 mil habitantes exibe pichações em apoio à campanha militar, como visto em todo o país, mas os moradores também estão chocados com a história dessa família. O caso gerou uma petição nacional para que a menina volte para a casa do pai. Até Yevgeny Prigozhin, chefe do grupo paramilitar Wagner que participa da ofensiva russa, expressou apoio a Maria e criticou as autoridades locais por suas ações. Seu advogado, Vladimir Bilyenko, disse que era “difícil prever” o destino da menina. Moskaliov poderia perder a guarda dela no julgamento separado atualmente agendado para 6 de abril. A organização russa de direitos humanos Memorial, proibida pelas autoridades, considera Moskaliov um “prisioneiro político” e considera o caso “uma tentativa de intimidar a todos os opositores do conflito”.