Fugindo dos investimentos às cegas em TI  

Os investimentos em TI têm sido crescentes, mas não ilimitados, como muita gente imagina. Dados revelados por algumas das principais consultorias e analistas de mercado apontam como as empresas estão se movimentando para acompanhar o crescimento da complexidade dos negócios, que dependem cada vez mais das tecnologias.

Apesar das cifras aparentemente apresentarem animadoras, a grana é bem curta para a grande maioria das pequenas e médias empresas, e nas grandes organizações os desafios constantes conduzem os CIOs a pensar e repensar em planos de investimentos mais eficazes à medida que os negócios avançarem se apoiando na digitalização dos seus processos gerenciais para enfrentar a acirrada competição de mercado, que vem sempre acompanhada de incertezas econômicas de toda ordem.

O Gartner, por exemplo, aponta para 2023 um aumento de 5,1% em relação aos investimentos  globais do ano anterior e totalizando US$ 4,6 trilhões.

Um estudo da Microsoft revela que em vários países mais de ⅔ das PMEs planejam aumentar seus orçamentos de TI em 2023 e que pelo menos 33% dos investimentos serão realizados para melhorar a eficiência operacional. O estudo também mostra que pelo menos 70% das empresas pesquisadas consideram o crescimento do seu negócio como a principal motivação para investir em tecnologia.

Outra pesquisa também interessante, da Spiceworks Ziff Davis, aponta que os investimentos serão para atualizar a infraestrutura como parte do esforço para sua transformação digital, principalmente para melhorar a eficiência operacional e, desta forma, ser capaz de enfrentar concorrência acirrada de mercado.

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Outro aspecto comum nestes estudos é que a maior parte dos investimentos é para atender aos projetos críticos de negócios, todos apoiados centralmente pelo departamento de TI, responsável por manter a rede de computadores e de aplicações em pleno funcionamento e capazes de acompanhar o acelerado aumento do uso dos recursos disponíveis e com capacidade de implementar os ajustes necessários para garantir a saúde de todo o ambiente tecnológico.

Se o investimento em tecnologias é para gerar eficiência, saber exatamente no que investir é o grande segredo deste negócio. Para isso, é necessário que as empresas tenham a capacidade de saber o que exatamente existe na infraestrutura de TI. Sem esta visibilidade sobre a rede de computadores e aplicações, os investimentos serão – certamente – às cegas.

A visibilidade da TI necessária para investimentos justos

Manter a saúde da TI não é um trabalho fácil, principalmente quando o uso dos recursos tecnológicos disponíveis aumentam gradativamente de acordo com a complexidade e necessidade dos negócios. Os investimentos na área dependem de uma visão bem abrangente e precisa do que acontece na rede de computadores e de aplicações.

Para se obter esta visão geral é necessário, primeiro, estabelecer uma baseline do conjunto de aplicações e dispositivos, com a identificação do comportamento padrão do consumo dos recursos a partir de dados reais sobre todos os ativos envolvidos. Isso implica: coletar estatísticas sobre a disponibilidade, consumo de CPU, uso de memória, latência e jitter (variação estatística do atraso na entrega de dados em uma rede), perda de pacotes e afins são importantes de serem acompanhados.

Em seguida, é fundamental filtrar as estatísticas que sejam vitais para não comprometer o funcionamento da disponibilidade dos recursos de TI, destacando-as das demais, ou seja, garantir que possam ser monitoradas atenta e centralizadamente a partir de KPIs (indicadores chave de performance).

Para se obter bons resultados nesta análise, os gestores devem contar com ferramentas tecnológicas especialmente projetadas para esta finalidade e com capacidade de ajudar a realizar os ajustes necessários da TI. A adoção de sistemas de monitoramento é fundamental  para auxiliar de forma substancial no planejamento de capacidade da TI, não apenas manter a saúde da TI, mas também para garantir a saúde financeira das empresas e da operação dos negócios.

Ao considerar este conjunto de ações, os CIOs e seus gestores de TI podem impulsionar a governança e estabelecer as melhores políticas de uso dos recursos de TI e facilitar a tomada de decisão necessária, desde o dimensionamento adequado dos recursos, isolando as causas e garantindo a satisfação dos usuários.

Sabemos que os recursos de TI são limitados e saber como otimizar os investimentos e a sua utilização é fundamental para que possam ser bem ajustados visando impactar positivamente nos resultados dos negócios. Com isso em mãos e na ponta do lápis, os investimentos ficam mais fáceis de serem definidos e aplicados.

É isso tudo que poderá garantir uma boa e produtiva conversa com o CFO.

* Marco Catunda é CTO da Telcomanager