Humberto Garrón, CIO da BAT Brasil, une tecnologia e estratégia para alavancar vendas e eficiência

Humberto Rutowitsch Garrón

“Minha história é completamente diferente da de qualquer CIO”, diz com um sorriso Humberto Rutowitsch Garrón, CIO da BAT Brasil (antiga Souza Cruz), para um repórter levemente incrédulo que já ouviu muitas histórias de executivos. “Eu era concertista, pianista profissional”, completa o executivo, agora convencendo o jornalista.

“Desde pequeno eu era nerd, gostava de tecnologia. Mas na época de fazer faculdade, tinha outra carreira. Participava de campeonatos de piano nos Estados Unidos, onde morava. Mas fui do teclado do piano para o do computador”, lembra Garrón.

Garrón decidiu enveredar para o mundo da tecnologia quando teve de voltar ao Brasil com a família, depois de muitos anos morando nos EUA. Na hora de escolher a carreira, foi pragmático, embora tenha se graduado tanto em tecnologia quanto em música. “Viver de música no Brasil é bem desafiador”, explica ele, que agora toca piano apenas para si e a família. “Quando estou estressado, uma das coisas que gosto de fazer é me conectar à música, improvisar e explorar partituras antigas.”

Leia também: Marcello Borges, CIO do Grupo Queiroz Galvão, lidera projeto de previsão climática com IA 

Embora tenha uma sólida formação tecnológica, Garrón gosta de dizer que tem um lado forte de negociador, que o ajuda a tomar boas decisões corporativas. A descoberta desse “lado” profissional veio logo no primeiro estágio da carreira, em uma consultoria alemã especializada em fusões e aquisições (F&A) para a indústria de óleo e gás.

“Assim, consegui juntar capacidades interessantes: um conhecimento técnico sólido e o de negociação. Além disso, a sensibilidade da música me ensinou a interpretar sutilezas, fazer leitura de ambiente. A música tem muito disso, sentir a energia e traduzir em vibrações. Essa sensibilidade é importante no meio empresarial”, acredita o CIO da BAT Brasil.

TI como função estratégica

O projeto que levou Garrón a conquistar o prêmio de Executivo de TI de 2024 do IT Forum, na categoria Indústria de Alimentos, Bebidas e Fumos, foi conduzido em um momento crítico para a BAT Brasil. Em 2020, a empresa registrava 10 anos seguidos de declínio de vendas, perda de market share e aumento de custos operacionais. As perspectivas de curto prazo eram negativas quando a pandemia de COVID-19 estourou.

O cenário exigiu mudanças radicais, começando pela decisão da diretoria executiva de convocar o departamento de TI para liderar a transformação digital.

“Nossa jornada começou por volta de 2020, com a digitalização dos silos. Iniciamos pela logística, passando por trade e, depois, manufatura… A organização era muito vertical, tinha esses silos por definição”, lembra o CIO. “À medida que o processo evoluiu, começamos a integrar as áreas.”

O plano do departamento de TI envolveu duas grandes ações: a formulação de uma estratégia digital para os próximos cinco anos, com investimento massivo em inovação em todas as áreas corporativas; e a criação do GoToucan, célula digital responsável por fomentar automação, inovação e uso de dados na BAT Brasil.

Entre os muitos resultados expressivos, o CIO destaca o crescimento anual de 10% em volume de vendas desde 2021, alavancado por soluções de analytics e pela digitalização dos canais de venda. Uma solução omnichannel B2B desenvolvida pela empresa, a Conecta, gerou mais de R$ 400 milhões em economias por meio de automação.

Houve também ganhos com automação na cadeia logística, com uma redução de 60% na força operacional e de 30% no uso de papel e energia nas fábricas, graças ao uso de IA.

“Estamos na jornada de quebrar silos e integrar a organização horizontalmente. Queremos ter todos os nossos processos e cadeias em uma visão end-to-end, para fazer análises preditivas e trazer mais inteligência para a tomada de decisão”, conclui Garrón.

*Texto originalmente publicado na Revista IT Forum, disponível aqui.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!