Governador do MT diz que reforma tributária tem ‘armadilhas’: ‘Tempo de corrigir algumas distorções’

Na terça-feira passada, 14, o Senado Federal enviou à Câmara dos Deputados o texto da reforma tributária aprovado em dois turnos. Trata-se de um etapa formal que antecede a nova votação que será feita pelos deputados. Embora o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), tenha dito que o texto pode ser votado “a qualquer momento” após este feriado, a expectativa é de que a versão aprovada pelos senadores, que incluíram mudanças significativas no texto e aumentaram a quantidade de regimes diferenciados, seja alterada pela Câmara. Para comentar a tramitação da reforma, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), que alertou para problemas no texto: “Reforma tem algumas armadilhas, tem algumas premissas que foram adotadas que fazem com que a maioria dos atores envolvidos deixem essa conversa para lá (…) Tem sim alguns equívocos, espero que o debate possa continuar e haja um aprofundamento da compreensão do que está acontecendo e dar tempo de corrigir algumas distorções que o modelo traz, mesmo que ele comece a vigorar só a partir de 2033”.

“Sistema tributário brasileiro é caótico, é extremamente enlouquecedor, como muitos dizem, um ‘manicômio tributário’. O desejo de mudar isso sempre esteve presente e agora estamos avançando no texto. É um texto ideal? Não. É um texto que me preocupa como governador, o Estado do Mato Grosso é um dos Estados mais perdedores nessa reforma (…) Essa reforma tira do Mato Grosso e de outros Estados uma boa parte da receita”, criticou. Apesar das perdas de arrecadação, que devem ser compensadas pelo Governo Federal, Mendes classifica que o maior problema do atual texto da reforma é a “completa desoneração de toda a cadeia de exportação”: “Seja do agronegócio, seja da mineração (…) Grandes cadeias de exportação vão deixar de pagar esse imposto. Quem é que vai pagar a mais para que todo esse conjunto importante de atividades econômicas deixe de pagar? Essas preocupações estão presentes (…) Vejo essa reforma com alguma preocupação quanto às consequências práticas que ela vai trazer para a economia brasileira e para todos os brasileiros”.

O mandatário ainda falou sobre o grave problema das queimadas no Pantanal, que se tornaram ainda piores com a onda de calor que atingiu o Brasil na semana passada. Para o governador do Mato Grosso, a falta de chuvas foi a principal culpada dos incêndios: “Nós implementamos todo um conjunto de forças e usamos helicóptero, o problema é que o Pantanal é uma região que, por ser de preservação, quando acontece um incêndio, ele começa a se espalhar muito rápido. Nesse ano, estamos vivendo um período que as chuvas estão muito irregulares. Estamos perdendo plantio de safra em algumas regiões, tendo que replantar. Esse atraso de chuvas no Pantanal permitiu que aquele grande volume de material seco acumulasse e iniciasse focos de incêndio em diversas regiões e isso tomou uma proporção lamentável (…) As chuvas que aconteceram nesse final de semana ajudaram bastante e estamos caminhando para a normalização”. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.