Greve do transporte público foi ‘tiro no pé’ e ‘não tinha pauta’, diz Tarcísio de Freitas

O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), afirmou que a greve recente que afetou o transporte público na Grande São Paulo “não tinha pauta” e que os responsáveis estavam “olhando para o próprio emprego”. As declarações foram dadas pelo chefe do Executivo paulista nesta sexta-feira, 6, durante sua participação no program Pânico, da Jovem Pan News. Nesta semana, os funcionários do Metrô, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e Sabesp entraram em greve para protestar contra a privatização do transporte público e da companhia de abastecimento de água. A paralisação durou o dia inteiro e afetou o milhares de pessoas na capital paulista e na Grande São Paulo. Ao falar sobre o tema, Tarcísio ressaltou que o processo de privatização terá momentos para audiências e consultas públicas e criticou os funcionários que participaram da greve por privar a população do transporte público.

“Foi um tiro no pé. Não tinha pauta. ‘Eu vou fazer uma greve porque não quero que as privatizações aconteçam’. A gente colocou isso na plataforma de campanha, debatemos isso abertamente. […] No processo desestatização, nós temos o momento para consulta pública, das audiências, para participação popular. Nenhum projeto sai da audiência igual ele entrou. É o momento adequado. Agora, privar o cidadão do transporte público, causar sofrimento, impor prejuízo, dor e engarrafamento, porque eu não concordo (com a privatização), e é uma pauta corporativa, porque eles estão olhando para o próprio emprego, isso não se faz”, afirmou Tarcísio. Questionado sobre as suspeitas de sabotagem na Linha 9-Esmeralda, concedida à iniciativa privada e que apresentou falhas no dia da greve, o governador afirmou que o caso está sendo investigado, mas existem evidências. “Está sendo investigado, mas o que se viu foi violação do alambrado e muito material atirado na linha. Foi atirado pedra. Colocaram barras de ferro. […] Isso está em investigação, não dá para afirmar, mas tem muita evidência que isso pode ter acontecido”.

Cortes na Segurança Pública

Ao longo do programa, Tarcísio foi questionado por cortes recentes feitos no orçamento da Segurança Pública. Ao todo, foram cortados R$ 98 milhões, sendo que R$ 15 milhões seriam destinados para ampliação do Programa Olho Vivo, responsável pelas câmeras corporais utilizadas pela Polícia Militar. Segundo Tarcísio são necessários ajustes no orçamento ao longo do ano e que o corte da verba de ampliação tem como objetivo permitir o aumento do contingente de policiais nas ruas “A gente tem que fazer remanejamentos no orçamento. O que é prioridade hoje? É ter mais policiais na rua, então estamos investindo em mais DEJEM. O dinheiro é finito, então, para eu colocar mais policiais na rua tem que fazer mais DEJEM, tem que ter mais recursos e vou cortar esse dinheiro que está previsto para ampliação. Os contratos que já temos estão preservados. […] Tivemos que fazer ajustes. No ano passado, o orçamento da segurança era de R$ 23 bilhões e neste ano é de R$ 27 bilhões”, afirma o chefe do Executivo.

Tensão entre Poderes

Em outro momento, Tarcísio comentou sobre as tensões entre os Poderes Legislativo e Judiciário, defendendo o diálogo como melhor forma de resolver possíveis atritos e acreditando que os limites de atuação de cada Poder precisam ser definidos. “Eu espero que, com diálogo, a gente possa definir bem o espaço de cada um dos poderes. Eu acredito que a gente vai passar por um período de ajuste, que eu acredito que é possível e vá acontecer. Não é possível que haja sobreposição de tarefas. Essa sobreposição sempre vai levar à ineficiência”, disse o governador. Nas últimas semanas, houve um aumento nas tensões entre o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), com os parlamentares acusando a Corte de “usurpação” ao interferir em temas sensíveis, como a descriminalização do porte de drogas, do aborto e o Marco Temporal.

Educação e Profissionalização

Ao falar sobre a educação, Tarcísio revelou que uma das metas de sua gestão é fazer com que 50% dos estudantes estejam no ensino profissionalizante, especialmente através das escolas em tempo integra, e do itinerário formativo do Ensino Médio. “A gente precisa aproximar esse aluno do mercado de trabalho, então vamos investir fortemente na questão da profissionalização. Hoje a gente tem no ensino profissionalizante 9% dos estudantes do Ensino Médio e queremos chegar a 50%. Como que a gente vai fazer isso? Por meio das escolas de tempo integral e do itinerário formativo do novo Ensino Médio, ou seja, um itinerário profissionalizante. Nós vamos transformando paulatinamente as nossas escolas de Ensino Médio também em centros de formação profissional”, disse Tarcísio. O governador também falou sobre as escolas-cívico militares, defendendo a ampliação do sistema em todo o Estado. “Nós temos algumas escolas cívico-militares em São Paulo, hoje. São 19 funcionando. Vamos mandar o projeto de lei para amplificar isso no Estado. E a ideia é usar como suporte os profissionais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar que estão na reserva”, afirmou.

Confira a entrevista completa do governador: