‘Guerra na Ucrânia veio para ficar’, diz professor de relações internacionais

A cidade de Kherson sofreu 12 ataques russos neste domingo. Duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas. A energia foi cortada no início da semana passada. A Rússia alega ter anexado a região em setembro e, assim, promete defendê-la com todos os meios militares disponíveis. Para especialistas, a guerra veio para ficar e não tem fim previsível nos próximos meses. O coordenador de relações internacionais da IBS Américas Sidney Ferreira Leite destaca que as características do conflito chamam atenção. “O conflito entre a Rússia e a Ucrânia extrapola o embate entre dois estados soberanos e independentes. Na verdade, ele acaba sendo um espelho muito mais amplo das tensões que marcam a ordem internacional contemporânea. Eu diria que é uma guerra que veio para ficar, porque se olharmos para frente ainda é muito difícil visualizar pontos de confluências que possam levar a um cessar-fogo, que possam levar a própria suspensão do conflito. Porque que abaixo, na estrutura desse conflito, nós temos uma questão bastante significativa, que é a Rússia não aceitar o avanço da OTAN em direção ao Leste Europeu”, pontua.

Por outro lado,, Sidney Ferreira ressalta ressalta que a Ucrânia mantém o objetivo de fazer parte do bloco da Otan. O professor de relações internacionais acrescenta que, por enquanto, não existe alguém capaz de promover uma mediação. “Não há um mediador ainda capaz de articular uma solução, uma negociação entre Rússia e Ucrânia. Portanto, é uma guerra de consequências muito amplas. E é uma guerra que nos permite entender que não vivemos em uma era de estabilidade, e sim de instabilidade, da possibilidade de conflitos. E sabemos que uma guerra tem um início que conseguimos identificar, mas não temos ideia de como ela irá acabar. Eu resumiria dessa forma esse embate de dimensões globais entre Rússia e Ucrânia”, diz. O professor aponta que a economia mundial continua pressionada pelo conflito e lembra que a guerra ameaça, por exemplo, o fornecimento de energia na Europa.

*Com informações da repórter Nanny Cox