Haddad diz que Brasil vai aprofundar estudo para negociações sem dólar, mas nega afastamento dos EUA

Apesar do governo brasileiro e autoridades chinesas intensificarem as discussões para viabilizar as transações comerciais em real e yuan, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que isso signifique um afastamento das relações com os Estados Unidos. Após a visita oficial do governo brasileiro à China, ele disse que o governo tem interesse em ampliar ao máximo as parceiras com grandes potências econômicas. “Não temos nenhuma intenção de nos afastar de quem quer que seja, sobretudo um parceiro da qualidade dos Estados Unidos. Nós estamos fazendo um esforço de aproximação. Queremos investimentos dos Estados Unidos no Brasil, mas na verdade estamos vivendo um momento quase de desinvestimento. Algumas empresas americanas deixaram o Brasil no governo passado. Nós queremos restabelecer as melhores relações e desejamos a parceira com esses três grandes blocos comerciais, que são Estados Unidos, União Europeia e China”, indicou. O ministro ainda complementou que o Brasil precisa vencer a etapa de isolamento internacional. “O Brasil é grande demais para ficar escolhendo parceiro, tem tamanho para fazer parceira em esses grandes blocos e outros países. Não faria nenhum sentido você fazer opção de se aproximar de um para se afastar de outro”, complementou.

Sobre o acordo com a China, ele complementou que é um desejo antigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A ideia de fazer o intercâmbio comercial em moedas próprias, sem recorrer a uma moeda de um terceiro, é uma coisa que está há muito tempo na mesa de negociação entre os Brics, no âmbito do Mercosul. E o presidente Lula restabeleceu essa agenda pedindo para a Fazenda e a área econômica dos dois países se debruçarem sobre essa tema e aprofundarem as possibilidades de intercâmbio em moeda local”, afirmou. Em sua primeira viagem internacional deste mandato, o presidente  Luiz Inácio Lula da Silva  (PT) se reuniu nesta quinta-feira, 13, em Xangai, com o presidente do Conselho da China Communications Construction Company (CCCC), Wang Tongzhou, considerada a maior empresa de construção civil do país asiático. Atualmente, a companhia investe em obras de infraestrutura, como a construção da ponte Salvador-Itaparica. Segundo o governo, Tongzhou expressou o desejo de aumentar a cooperação entre empresas brasileiras e chinesas e propôs a criação de mecanismos de troca direta entre o Yuan e Real para “facilitar transações financeiras entre os dois países”. Em seu discurso na posse de Dilma Rousseff como chefe do Novo Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do Brics, grupo econômico de nações de mercado emergentes que incluem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Lula também fez acenos sobre a possibilidade de ambos países fazerem transações comerciais em moedas locais.

Como a Jovem Pan mostrou, o presidente brasileiro citou a possibilidade do Banco dos Brics ser usado em negociações financeiras para contornar o uso do dólar: “Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial. Livre, portanto, das amarras das condicionalidades impostas pelas instituições tradicionais às economias”, disse o petista. “Por que não podemos fazer o nosso comércio lastreado na nossa moeda? Quem é que decidiu que era o dólar? Nós precisamos ter uma moeda que transforme os países numa situação um pouco mais tranquila, porque hoje um país precisa correr atrás de dólar para exportar.”