‘Hamas pode utilizar esses reféns como trunfo’, avalia coronel do Exército Brasileiro sobre guerra na Faixa de Gaza

Autoridades do Hamas e de Israel confirmaram que israelenses foram feitos de reféns pelos palestinos. Segundo líderes do grupo, soldados e civis, incluindo mulheres e menores de idade, estariam entre os capturados e só seriam liberados pelo grupo terrorista após a soltura de prisioneiros detidos em Israel. Para o coronel da reserva do Exército Brasileiro e instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), Flávio Roberto Morgado, os sequestrados dão certas vantagens para o Hamas no conflito: “Esse é um fator complicador e muito complicador para as operações militares. O refém é algo muito valioso, o cidadão israelense e o cidadão internacional que esteja refém do Hamas. O Hamas pode utilizar esses reféns como um trunfo na mão deles, como escudo humano ou uma troca de reféns. Esse é um dos fatores que vão ser considerados nos fatores de decisão da operação militar”. Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, o militar afirmou que o ambiente urbano também desfavorece as operações do exército israelense.

“A dimensão física da Faixa de Gaza é um terreno muito complexo. É um terreno extremamente povoado, um ambiente extremamente urbano, onde você tem grandes dificuldades de coordenação e sincronização. Tem uma limitação muito grande com relação ao tipo de material, principalmente o armamento a ser utilizado. O planejamento de uma operação militar em um ambiente extremamente complexo como esse, existe um grau de detalhamento muito grande, a fim de que você não tenha consequências ou efeitos colaterais que você não deseja ter, efeitos colaterais danosos (…) Quando você leva o combate para uma localidade, você favorece sempre o defensor e não o atacante. A cidade, o ambiente urbano, tem um poder defensivo muito grande, além disso há a dificuldade de você identificar o agressor, o oponente, tendo em vista que ele pode se misturar naturalmente com a população da cidade”, explicou.

O confronto entre o grupo palestino Hamas e Israel entrou em seu terceiro dia nesta segunda-feira, 9, e já soma ao menos 1.120 mortos e uma onda de destruição.O governo de Israel informou nesta segunda-feira, 9, que retomou o controle das comunidades ao redor da Faixa de Gaza. Após restabelecer o controle, o ministro da defesa de Israel, Yoav Galant, ordenou bloqueio total em Gaza. “Sem eletricidade, sem alimentos e combustível”, disse. O conflito começou na manhã de sábado, 7, quando o Hamas, grupo político que comanda o território da Faixa de Gaza, disparou milhares de mísseis e atacou cidades israelenses. A ofensiva pegou Israel de surpresa, o que, para o coronel Flávio Roberto Morgado, aponta que o ataque terrorista foi coordenado com muita antecedência para furar a inteligência israelense.

“É muito difícil garantir 100% de segurança em qualquer país. Com certeza eles estavam monitorando, mas é muito difícil dizer que está 100% seguro, isso não existe (…) A dimensão informacional hoje em dia é extremamente complexa e extremamente complicada de analisar. São milhões de informações que você recebe todo dia. Tem que ter uma capacidade de depurar essas informações, analisar e chegar a conclusões. A ação que o Hamas fez foi planejada com muita antecedência, isso não foi planejado semana passada, ou mês passado, isso levou meses, talvez mais de anos, para planejar”, especulou. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.