Hcor automatiza tomada de sinais vitais beira leito e amplia segurança de pacientes

Entrar em um hospital tão importante quanto o Hospital do Coração, ou simplesmente Hcor, não é muito comum na rotina de um jornalista – principalmente um que só cobre tecnologia. É muito provável que a visita do IT Forum, negociada por semanas (a rotina de uma instituição de saúde torna as agendas difíceis de conciliar), signifique um ganho substancial em termos de tecnologia da informação. É exatamente o caso.

O Hcor – que fica nos arredores da Avenida Paulista e foi fundado em 1976, por um grupo de senhoras reunidas na Associação do Sanatório Sírio – tem passado há cerca de três anos por um processo intenso de transformação. Isso significa maiores investimentos em especialidades para além da cardiologia, como oncologia e neurologia, mas também adotar recursos de tecnologia da informação mais avançados.

Por isso a instituição adquiriu equipamentos de aferição automática para os leitos de internação, e os integrou aos seus sistemas – principalmente o de gestão hospitalar, o Tasy, da Philips – aos novos equipamentos. O objetivo é oferecer mais eficiência para a equipe assistencial, além de aumentar a segurança do cuidado oferecido ao paciente.

No projeto – chamado de automação de sinais vitais beira-leito – foram gastos cerca de R$ 900 mil, incluindo a aquisição de 33 equipamentos Hillrom (marca da gigante global de equipamentos médicos Baxter), modelo Connex Spot Monitor. A integração do sistema ao prontuário eletrônico do paciente (PEP) e o acionamento automático do time de resposta rápida (TRR), em caso de alertas sobre o estado clínico dos pacientes, também está incluído nesse valor.

Leia também: Para Alice, TI é essencial para gestão inteligente da saúde

A implantação começou em março de 2022, e foi ao ar (go live) em setembro. Desde então as equipes de cada bloco do hospital tem recebido treinamento para operar o equipamento.

Segundo o Hcor, o hospital é o primeiro da América Latina a alcançar esse nível de conectividade entre os sistemas.

“Estamos olhando para a segurança e a experiência do paciente e do colaborador”, salientava José Cesar Ribeiro, gerente assistencial do Hcor, enquanto acompanhava a reportagem no elevador até o 5º andar do hospital. Nosso anfitrião é, ele próprio, um enfermeiro que galgou cargos de gestão desde que ingressou no Hcor, em julho de 1997.

hcor 01

À esquerda da maca, o monitor da Baxter que automatiza a tomada de sinais vitais beira leito. Foto: Divulgação/Hcor

Muito provavelmente por isso ele fez questão de convidar uma das enfermeiras de plantão – a Michelle – para apresentar a solução. Segundo Ribeiro, o projeto foi implementado principalmente pela necessidade da equipe assistencial de ter um controle mais preciso e fidedigno dos sinais vitais do paciente, sem precisar de inúmeras medições manuais e fragmentadas ao longo de cada plantão.

A cada seis horas, em média, são aferidos batimento cardíaco, pressão arterial, temperatura corporal e oxigenação do sangue de cada paciente – não necessariamente todos ao mesmo tempo. O projeto de “inteligência digital” do Hcor reduziu de sete minutos para pouco mais de três o tempo de mensuração de sinais vitais. Mas o maior ganho é a redução da possibilidade de erros decorrentes do trabalho manual.

Começo e evolução

Ribeiro conta que o projeto começou no Hcor por meio uma prova de conceito (PoC). Foram 270 pacientes monitorados inicialmente. Os resultados, usados para embasar um estudo clínico, foram tão positivos que “levamos para a alta gestão, que diante dos resultados considerou o investimento viável”, lembra.

Com a aquisição dos 33 equipamentos, distribuídos em todos os blocos de internação – são dois equipamentos por andar, operados principalmente por auxiliares de enfermagem e enfermeiros – o projeto ganhou escala. E seu maior trunfo é provavelmente a possibilidade de monitorar, em painéis espalhados pelos postos de enfermagem dos andares, o estado clínico de cada paciente.

jose cesar ribeiro hcor

José Cesar Ribeiro, gerente assistencial do Hcor (Foto: Divulgação)

E, em casos emergenciais, reagir mais rapidamente. Segundo o gerente, existe uma pontuação de risco para cada paciente. Os alertas, no futuro poderão ser até enviados para a equipe assistencial por meio de celular, incluindo os médicos, que poderão acompanhar o estado clínico do paciente e serem notificados sobre alterações importantes nos sinais vitais.

“Foram customizados os dashboards nos postos assistenciais, de modo que reflitam com facilidade todos esses dados para a equipe assistencial e multidisciplinar. A próxima fase é aperfeiçoar esses painéis”, diz Ribeiro, enquanto mostrava as telas com os nomes de cada paciente e sinais coloridos indicando o estado clínico de cada um dos internados.

Entre as informações contidas nesse painel estão, para cada paciente, além dos sinais de alerta, deterioração do paciente, riscos de queda, de lesão por pressão e até nível de consciência.

“Me preocupo com a ponta [os profissionais de saúde], que eles tenham a informação certa chegando neles de forma clara, e que faça sentido”, explica. Em estudos preliminares, os funcionários do Hcor têm dado boas notas para o novo sistema.

Agora, o sistema será replicado pelo hospital em todas as suas unidades assistenciais, diz Ribeiro, enquanto encerrávamos a visita no prédio central (e mais antigo) do Hcor.