IA generativa: entre o medo presente e a esperança para o futuro

Rodrigo Nardoni (B3), Joaquim Garcia (Pague Menos) e Tiago Pires (Saneago)

A Inteligência Artificial (IA) generativa ainda causa dúvidas e medos em quem utiliza ferramentas baseadas nessa tecnologia para os mais distintos fins, desde atendimento ao cliente ou gerenciamento de atividades e análise de desempenho de colaboradores. Como alimentar esses sistemas sem expor dados e informações confidenciais? Ao mesmo tempo, como abrir mão dessa tecnologia que se apresenta como um caminho sem volta para a otimização de processos? Ainda além: como não vislumbrar que catástrofes e crises podem ser evitadas com antecipação de cenários por IA generativa?

Tiago Pires, CIO da Saneago, Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia da B3, e Joaquim Garcia, VP de Tecnologia e Transformação da Pague Menos, abordaram essas questões no painel “As novas fronteiras da AI generativa”, realizada nesta quinta-feira (14/9), no IT Forum, em Salvador (BA).

“Vemos algumas empresas bloqueando a inteligência artificial, mas entendemos que esse não é o caminho. Temos de entender o que isso significa, quais são as ameaças e oportunidades, mas estamos começando. Mas entendendo que não é um tema nova, não é uma tecnologia que foi desenvolvida agora e temos de entender e amadurecer isso e entender o que significa para os nossos negócios”, disse Nardoni.

Para Garcia, uma das preocupações com a IA generativa é a privacidade de dados. “Assustado a gente não está, mas supercuriosos. Mas curiosos com preocupações de privacidade de dados, com o tratamento dado na empresa. Tem preocupações que a gente tem de lidar, mas temos que aprender a usar”, ponderou ele. Já Pires ressaltou que esse é um momento para convidar, discutir e experimentar as ferramentas.

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“O anseio de CIOs era por conhecimento, por ter informações sobre o IA”, disse Pires, ao ressaltar que o conceito de inteligência artificial também evolui com o tempo. “Então chegou esse momento de IA generativa, que é oportunidade para convidar todo mundo para participar, para testar para conhecer um pouco mais”, comentou o CIO da Saneago.

Pires foi taxativo sobre o atual estágio de uso da tecnologia. “Eu acho que a IA não começou ainda. Ela ainda está ligada ao processo, ligada a um monte de coisas para a gente deixar o operacional e virar o estratégico”, declarou.

Quando questionados sobre os desafios para iniciar a utilização da ferramenta, veio à tona a questão da regulamentação e sobre os cuidados para alimentar os sistemas. Garcia, da Pague Menos, relatou a necessidade de alertar que toda informação posta como pública, realmente se torna pública, inclusive para a concorrência.

“No começo, infelizmente, tudo precisa ser regulamentado e seguro, então o compliance é necessário”, indicou. Garcia exemplificou que, na rede de farmácias, realizou um procedimento para ter maior proximidade com os clientes.

“Eles fazem uma consulta como se estivesse falando com o farmacêutico. Tem um link em que o cliente quer entender uma situação, sem precisar ir a uma farmácia, e no final até aponta para o cliente não medicamentos, mas forma de você se cuidar, até a indicação de ir ao médico”, explicou, ao afirmar que nem o farmacêutico, e muito menos uma ferramenta de IA pode indicar medicamentos.

Pires, da Saneago, falou de um uso na companhia identificar irregularidades da rede de abastecimento de água em Goiás e que os dados apresentados alcançaram 82% de acertos nas análises posteriores em campo. “IA é experimentar. E quanto mais gente experimentar, mais modelos legais serão gerados para o mercado. É muito legal essa ideia de apoiar o negócio ou pensar o negócio com IA”, enfatizou.

Nardoni salientou ainda que a IA terá uma função de proteção da humanidade de catástrofes, crises ambientais e crises financeiras. “Temos a IA como potencializadora para resolver problemas que a gente sequer consegue enxergar e resolver hoje”, disse o vice-presidente de Tecnologia da B3.

Ainda falando do futuro da tecnologia, o VP de Tecnologia e Transformação da Pague Menos, Garcia, citou um experimento de IA que identificou estudantes que poderiam deixar uma universidade e apontou que o mesmo princípio pode ser usado em negócios, para a fidelização de clientes. “Quero entender isso para meus clientes também, antes de meu cliente pensar em sair, para já reconquistá-lo”, explicou.

As possibilidades da IA generativas são inúmeras e somente a experimentação, como ressaltaram Pires, Garcia e Nardoni, indicarão os caminhos e o futuro do uso dessas ferramentas.

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